Arquivo da categoria: Opinião

“Residentes/Resistentes” – a opinião de Mário Santos #canoagem

A Bola 25/09/2015 – sem link

A Federação Portuguesa de Canoagem abriu, uma vez mais, a sua residência desportiva em Montemor-o-Velho. Irá integrar onze atletas, todos eles estudantes, muitos dos quais no Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho. Montemor-o-Velho tornou-se a casa da canoagem, e a estes atletas não é apenas proporcionado enquadramento técnico. Foi criado neste Agrupamento um Gabinete de Apoio ao Alto Rendimento (AEMOV), com o objectivo de ajudar a compatibilizar o sucesso desportivo com o sucesso escolar, ao nível de alunos do ensino secundário. Este projeto pretende integrar os atletas das residências das federações desportivas de canoagem, triatlo e natação, assegurando apoios pedagógicos diferenciados em articulação com todos os intervenientes e acompanhamento psicológico.

Nos últimos 6 anos foram abrangidos cerca de quarenta atletas entre residentes e atletas que se encontram a participar nos estágios das seleções nacionais (apoio ao estudo/ realização de exames), mantendo-se este enquadramento e apoio à distância com supervisão via internet quando regressam à sua casa ou participam em estágios.

Os resultados desportivos são os que se conhecem mas a taxa de sucesso escolar é ainda maior, pois 90% dos atletas enquadrados neste modelo alcançaram o sucesso escolar que lhes permitiu aceder ao ensino superior, estando alguns deles já licenciados.

Mais do que contribuir para grandes resultados desportivos ou escolares, estes projetos permitem aos jovens uma experiência única que, com certeza, contribui para a sua formação integral.

A Federação de Canoagem e a escola da AEMOV continuam a apostar neste modelo que tem ajudado muitos atletas a afirmarem-se como socialmente ativos, com sucesso desportivo e escolar.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Desporto & Eleições – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 11/09/2015 – sem link

O debate político televisionado dos candidatos a Primeiro-Ministro em muito se assemelhou a uma grande competição desportiva: a preparação, as previsões, os comentários e as várias leituras dos resultados. Nada faltou. Mas desenganem-se quem se atreva a associar isso a um papel fulcral do desporto no nosso quotidiano.

Infelizmente, neste debate, e à semelhança do que tem sido habitual nas recentes campanhas eleitorais, as únicas referências à temática do desporto são os formatos de programas, entrevistas e suas preparações. Assemelham-se aos abundantes programas de comentário desportivo/futebol e transmissões de jogos.

Sem visão estratégica, os líderes têm relegado nos seus programas eleitorais o desporto para meras linhas programáticas vagas, esquecendo-se que é um dos pilares estratégicos de um projeto social de sucesso, a todos os níveis – basta consultar os ratios desportivos dos países mais avançados socialmente.

Num momento em que muito se fala de “fazer contas” – as demonstrações, a sustentabilidade – não vemos um único objetivo quantificado. Atiram-nos invariavelmente com as mesmas generalidades, mais ou menos requentadas.

Seria mais avisado determinar objetivos claros. Não chega querer mais pessoas a praticar desporto, com maior frequência, pessoas mais ativas, melhores resultados e a articulação com o desporto escolar: esta é a HORA de determinar quantos temos e quantos queremos ter.

O Eurobarómetro revela que em Portugal apenas 4% da população pratica desporto ou atividade física num clube, quando a média europeia é de 12%. O que pensam disto os candidatos a Primeiro-Ministro?

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Crónica do Rio de Janeiro – “Evento Teste Canoagem AqueceRio 2015”

Aproveitando uma deslocação pessoal ao Rio de Janeiro, eis que me deparo com datas coincidentes com o Evento Teste da Canoagem a decorrer entre 4 e 6 de Setembro na Lagoa Rodrigues de Freitas. Por isso não poderia deixar de comparecer.
O ambiente que se vive nestes dias, no Rio de Janeiro, é um ambiente muito desportivo, com a Organização Aquece Rio a testar os locais onde se irão realizar as competições Olímpicas em 2016. 
Também por motivos familiares neste evento não poderei fazer comentários de todos os dias de competição,  mas poderei dar a opinião sobre o primeiro dia de competições e também sobre o local do evento.

4 de setembro- Dia 1 
Lagoa Rodrigues de Freitas no Rio de Janeiro é um dos locais privilegiados para a prática de actividades desportivas. Lago enorme e que nas primeiras horas da manhã se apresenta como um verdadeiro espelho de água. No entanto a parte não visível é a que apresenta piores condições. Poluição e contaminação das águas são um problema sério, mas ao mesmo tempo a presença de algas ainda piora mais as condições do local. Esperemos que até à data do evento Olímpico se realizem algumas limpezas de fundo no local.

Primeiras competições e primeiras surpresas: Canoas (C) do Brasil em greve! Tal como o Notícias Canoagem já publicou  os atletas revindicam desde há muito tempo por verbas atribuídas. 
Seguem-se novas surpresas com o k1, onde o nosso Fernando Pimenta se apura directamente para a final do k1 1000m ao vencer a sua eliminatória. Alguns dos presentes na mesma se queixam de não saber que apurava um directo para a final…
Todos os Portugueses conseguem os apuramentos para as finais da sua distância (também a Teresa Portela no k1 500m e Hélder Silva no C1 200m). 
A participação resume-se a cerca de 150 atletas, mas todos de renome internacional e com curriculum invejável. Devido ao número reduzido por vezes a competição torna-se algo monótona,  com semifinais a apurarem todos os atletas para as respectivas finais.
Mas o dia ficaria marcado pelas constantes alterações na direcção e velocidade do vento, o que fez com que os tempos fossem lentos (k1 1000m masculino com cerca de 4 minutos na semifinal!).
Assistência às competições muito reduzida, o que denota a falta de interesse ou de divulgação do evento.
Actualmente os lugares para a assistência são poucos (diria cerca de 2000), mas confirmam-nos que será de 6000 no local onde existem já bancadas, e a criação de uma bancada flutuante do lado oposto com cerca de 4000 lugares extra. 
Local privilegiado mas com trabalho necessário para o colocar em “forma”.
Despeço-me desejando aos meus amigos toda a sorte para a competição.  E que se divirtam pela Cidade Maravilhosa.

Até breve.

Filipe Pereira

Qual é a nossa praia? – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 4/09/2015 – sem link

O Mar Mediterrâneo mais se assemelha, nos últimos tempos, a uma vala comum onde muitos navegam para fugir à guerra, e a territórios nos quais os laços que os uniam foram desfeitos por crimes cometidos a uma escala, e com uma perversidade que nos trazem más memórias.

Simultaneamente decorrem, não muito longe, numa praia do Mediterrâneo, em Pescara, na Itália, os I Jogos de Praia do Mediterrâneo. Competições em 11 disciplinas na especialidade de praia: aquatlo, andebol, voleibol, ténis, futebol, luta livre, natação águas abertas, natação com barbatana, ski aquático, canoagem e remo. Infelizmente, Portugal ainda não teve a desenvoltura para entrar nesta comunidade que também organiza os Jogos do Mediterrâneo e com a qual temos muito em comum.

Conta com a participação de 24 Países, entre os quais se encontram a Síria, a Turquia, a Líbia, Egito, Bósnia, Sérvia, Tunísia ou Líbano. Não deixa de ser relevante que num momento em que se vivem grandes convulsões nestes, e entre alguns destes Países, o desporto tenha a capacidade de unir os povos num momento de celebração. Num palco – praia do Mediterrâneo – onde não muito longe as imagens que nos chegam são outras. Lembra-nos mais uma vez esse papel fundamental que o desporto encerra como promotor da paz. Assistir a competições entre atletas de Países em conflito, sem as luzes dos média, sem os batalhões de seguranças, os scanners e revistas corporais. É uma pequena luz inspiradora!

Estes jogos para já, não têm grandes audiências, não têm retornos financeiros, não têm vedetas, não têm atletas profissionais, não têm grandes infra estruturas, são “apenas e tão só” atletas a competir nas praias, usando a areia e o mar como “estádio” em disciplinas muito próximas do desportista comum, enchendo as praias e quem as frequenta de VIDA.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

‘Bronzes’ para o Rio – opinião de Mário Santos

Jornal “A Bola”, 28 Agosto, 2015 – sem link

Sucedem-se os eventos em diversas modalidades com disciplinas do Programa Olímpico e, consequentemente, os decisivos apuramentos para os Jogos Olímpicos (JO) Rio2016. Nos distintos sistemas de qualificação, há muitos nos quais o resultado nos Campeonatos do Mundo é determinante. Outros centram-se na obtenção de determinada marca e há ainda os que valorizam o ranking mundial. Temos ainda modelos em que o atleta conquista a quota garantindo assim a sua participação e outros em que a quota é atribuída ao país.

A canoagem conseguiu seis quotas no Campeonato do Mundo. Fernando Pimenta com uma inédita medalha de bronze no K1 1000 metros assegurou a primeira que veio a ser aumentada para quatro com o quinto lugar do K4 1.000 metros (Fernando Pimenta/Joao Ribeiro/Emanuel SilvaDavid Fernandes). Helder Silvar com um 8.º lugar na C1 200 metros e Teresa Portela com um 9.º em K1 500 terão garantido mais duas vagas. Uma equipa que há anos se destaca no desporto português e que só não foi alargada a mais quatro atletas por umas malfadadas milésimas de segundo (0,018) que impediram o K4 500 Joana VasconcelosFrancisca LaiaBeatriz GomesHelena Rodrigues) de garantir a participação olímpica.

Os Mundiais sucedem-se e resultados como o espetacular desempenho de Nelson Évora, que o levou ao bronze com a sua melhor marca do ano, sinal de superação, ou a decisão técnica que afastou Telma Monteiro podem repetir-se.

A um ano dos JO, Portugal contabiliza duas medalhas de Bronze em Mundiais de disciplinas do programa do Rio2016. Em período homólogo, para Londres2012, o único medalhado era Rui Pedro Bragança no taekwondo, mas, apesar disso, não teve acesso aos JO.

Preparar-se pois estes resultados, os bons e os menos bons, não vão determinar o resultado no Rio 2016.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

As qualificações Olímpicas ao último dia – Crónicas de Milão #Planetcanoe #canoagem #Milão2015

Dia mais fresco e com a ameaça de chuva que se viria a confirmar já da parte da tarde para as provas de 5000m. Mas nada conseguiria hoje estragar o dia de festa dos Portugueses, com algumas confirmações de resultados…

Começamos o dia aos 200m e quase imediatamente com a Final B dos 200m com a Teresa Portela. Boa largada mas nunca esteve verdadeiramente em contacto com o pelotão da frente. No final a 8ª posição. Penso que a Qualificação para os Jogos olímpicos do Rio em 2016 no k1 500m deve ter retirado um pouco a motivação à Teresa. No entanto ela já tem o bilhete…

De entre outras provas, chegamos ao k4 1000m masculino Final B. Aqui a luta era importante pelos restantes lugares de apuramento “extra-europa”. Uma luta especialmente interessante para o Continente Americano, uma vez que o Brasil (treinado pelo português Rui Fernandes) tinha uma luta especial com o Canadá e com a Argentina. Leva a melhor a Argentina neste duelo particular.

Depois disto já nada mais parecia interessante nesta parte inicial do dia de competições, e quase perco a final do k1 e k2 500m masculino, onde o René Poulsen (Dinamarca) viria a sagrar-se Campeão do Mundo, fazendo assim a dobradinha nos 1000m e 500m… Ai que ninguém o cala… Nos k2 de referir a vitória dos Australianos seguidos dos Espanhóis. Também passa quase despercebida a dobradinha da Lisa Carrington (Nova Zelândia) que além dos 500m (ontem) viria hoje a ganhar os 200m.

Começamos a preparar para ver o k4 1000m Final A e a tão esperada qualificação, mas deparo-me com a Final A de C2 1000m, onde o “nosso” Isaquias Queiróz volta a fazer das suas e..vence o Título mundial! Que Grande Atleta!  Por motivos também de recolocação de vagas, agora a “sorte” toca a Portugal, com o resultado da C2 nos 1000m a permitir a repescagem do Hélder Silva (C1 200m) para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Mais uma celebração!!! Continuamos em grande!!! Mas nem podemos festejar (duplamente) pois prepara-se a largada do k4 masculino.

As pernas mesmo cansadas ajudam a chegar a tempo para ver a largada. Todos muito iguais e alguns metros depois a Eslováquia destaca-se não mais perdendo o comando da prova. Mas os nossos Tugas aguentam-se bem e mesmo não tendo entrado no pódio, conseguem a tão desejada qualificação para os Jogos Olímpicos. Assiste-se a um misto de alegria (qualificação Olímpica) e tristeza (não medalha) pelo 5º lugar final. Temos que dar os parabéns a este Bravos, pois a pressão era muita… Numa luta pessoal levamos a melhor sobre a Espanha… Ganhei a aposta…

Finalmente chegada a hora de algum descanso e de carregar as baterias com uma refeição no mais famoso dos Restaurantes de Fast-food…

Da parte da tarde começa a cair a chuva para acalmar os ânimos e preparar para os 5000m.
Primeiros a entrar em acção os C1. Sigo em bicicleta e vejo o primeiro problema na rondagem dos 1250m. Os atletas da frente, onde se incluía o Alemão Sebastian Brendel, enganam-se numa bóia e são obrigados a voltar para trás… Sem exagero perdem uns 200m para o grupo da liderança (ESP, POL e ITA), mas o Brendel é verdadeiramente impressionante na recuperaçãoAinda conseguiu ganhar a provao Tono Campos (ESP, 2º Classificado) dizia que nem acreditava quando o viu reentrar no grupo…Uau…

Segue-se o k1 feminino, onde sem grande surpresa as melhores partiram para a frente. Surpresas na frente: a atleta Espanhola cai e consegue entrar sozinha no barco e continuar a prova! que rapidez. Até o público aplaudia. No entanto encheu o barco de água e não mais recuperou posições. No final viria a ganhar (sem saber que tinha acabado a prova!) a atleta da Bielorrússia.

Fantásticas as anteriores, estávamos ansiosos pela prova masculina… e não nos defraudou… 42 atletas (países) na largada, fazendo disto um excelente evento. Primeira rondagem e todos os favoritos na frente. Antes do final da volta grande, o Argentino tenta acelerar do lado interno do Grupo e…cai à água! Perturba alguns atletas, de entre os quais o Francês Carré que nunca mais viria a entrar no grupo. Max Hoff (alemanha) e o Ken Wallace (Australia) encarregam-se de “rebentar” o Dinamarquês Rene Poulsen e discutir sozinhos a vitória. Que Grande ultrapassagem do Ken ao Max nos últimos 200m. Parecia que o Max era um Atleta de provas de “feira”… Entretanto na luta pelo bronze o Yurenia (BLR) aguentou bem a tentativa de recuperação do Poulsen.

Temos sempre pena que o que é um espectáculo acabe sempre rápido. Termina assim o Mundial 2015, onde existiu alguma polémica pelas condições do local para a realização de uma prova deste calibre.

Agora…FESTAAAAAAA!

Ah, e pode ser que consiga fazer uns relatos do Pré-Olímpico no Rio no início de Setembro… Até breve.

Filipe Pereira

O Bronze num dia de várias emoções – Crónicas de Milão #Planetcanoe #canoagem #Milão2015

Novamente condições ideais para fazer canoagem, e seguramente hoje um dia cheio de emoções…

Logo pela fresca começam as várias discussões pelos resultados dependentes de outros resultados. Daqui a uns anos vamos ter matemáticos a calcular probabilidades de qualificação Olímpica… Conversas de bastidores: “Porque se o Dostal e o Pimenta apurarem o k4, abre para…” E se… entra também o…”. Para muitos a presença na final B passa a ser uma possível final A, pelas possibilidades, ainda que por vezes remotas, de ser repescado pela recolocação de vagas. Confusos? Não, por aqui a coisa é bem pior…

Mas voltando às competições, começamos o dia com as Finais B (e C quando existiam). A primeira que nos deixa muito atentos é a Final B do k1 1000m, que numa situação extrema de recolocação de vagas poderia dar um passe para o Rio 2016. Nesta o Belga Artur Peeters leva a melhor sobre um Francisco Cubelos (ESP) que aparentemente levava algumas algas no leme no final. Cubelos foi o mais rápido nos últimos 250m, passando da 7ª posição para o 2º lugar e com margem mínima para a vitória. Emocionante…

Entretanto passamos para os 200m e o k2 masculino, onde a Final B tinha algumas presenças que tudo indicavam poder ter estado na Final A (Espanha, Itália, etc). Vencem os espanhóis para desalento dos Italianos que se ficam pela 2ª posição e no 11º posto da geral.

E finalmente na comitiva Portuguesa começamos a demonstrar algum nervosismo, até porque se aproximavam as principais competições. A primeira a entrar em prova foi a Teresa Portela, que nos representava no k1 500m. Depois de uma excelente partida denotou-se alguma abaixamento de ritmo na Teresa que a levou a entrar na última posição na linha de meta. Talvez já tranquila pela qualificação Olímpica e a pensar no k1 200m que viria mais adiante. No entanto de realçar a excelente prestação na semifinal que a levou a esta final.

Voltamos a pedalar mas desta vez até aos 1000m, onde estavam já a preparar a largada do Fernando Pimenta. Sem comentários… Até a minha camisola da Equipa Nacional eu perdi de tanta emoção. Quem seguiu em bicicleta ia emocionado pois a coisa parecia ir a “correr bem”… Nos últimos 250m o Fernando faz uma subida que parecia indicar que poderia… Mas o Poulsen acabou rapidamente com esse sonho e o Fernando acabaria mesmo por ser ultrapassado pelo Josef Dostal (Rep Checa) nos metros finais. 3º lugar final soube a pouco pelo que o Fernando fez, mas alguns estávamos aos pulos de alegria…A primeira medalha de bronze de Portugal num Mundial de k1 1000m. Agora outra destas só em 2017… Mas com a certeza que vai ser melhor…

Passamos novamente para os 200m pois era a vez do Hélder Silva remar a final do C1 200m. Depois de uma largada fabulosa e estando mesmo a lutar com os melhores, acabou por ser ultrapassado por vários adversários, tendo terminado na 8ª posição que não lhe dá acesso ao Rio 2016 neste Mundial. No entanto restam 2 vagas Europeias no próximo ano que temos a certeza o Helder vai conseguir obter uma delas. De realçar que a medalha de Bronze vai para…um atleta que rema C1 1000m!!! Isaquias Queiroz do Brasil decide remar o C1 200m para tentar obter a vaga do Brasil nesta distância (ele já tem garantida a vaga no C1 1000m como país organizador), e obtém a medalha de bronze…Festa no Brasil!!!

Algures aqui pelo meio assistimos a uma situação caricata. A final de k2 200m masculinos seria repetida depois de uma falsa largada que quase ninguém parou… Na final iriam ser o Húngaros a vencer, relegando a Rússia para a segunda posição.

Chega a hora do k2 1000m. Italianos com uma largada fulgurante mas que se revela um pouco suicida. Viriam a terminar em 8º e fora dos lugares de qualificação. O famoso sprint final alemão viria a ser decisivo relegando os Australianos para a segunda posição e a Sérbia para o 3º lugar.

Descansamos um pouco as pernas de tanta emoção e bicicleta, e passamos à emoção dos 200m com as semifinais.

Imediatamente entra em acção a nossa Teresa Portela. Um brilhante 3º posto, mas insuficiente no tempo para o apuramento como melhor tempo.

Começávamos já a pensar na semifinal do k4 1000m masculino, mas ainda havia tempo para emoções e surpresas. k1 200m masculino semifinais. Grandes nomes da distância a ficarem para Finais B (Campeão Olímpico Edward Mckeever) e Finais C (Saúl Craviotto de Espanha e Marko Dragosavljevic da Sérvia).

Chega a hora da tão esperada semifinal do nosso k4. Depois de uma largada algo mais cuidadosa da de ontem das eliminatórias, conseguem vencer e mostrar um excelente controlo da prova. Temos barco para a final… Para alegria pessoal a Espanha também se classifica para a Final A.

Chega para nós a última prova do dia com o k4 500m feminino. Primeiros 250m na frente e as nossas emoções a virem ao de cima com esta surpresa. No entanto viriam a fazer o 7º tempo nos últimos 250m, relegando-as para a 4ª posição por… 0.018″!!! Foi tão pequena a distância que separava o acesso à Final A, que alguns estávamos incrédulos no que acabávamos de ver… Afinal relegadas para a Final B!

Por isso um dia cheio de emoções positivas e menos positivas, mas com Portugal a mostrar que como equipa é dos mais respeitados. Como exemplo volto a referir que a potência (económica) da Equipa da Casa (Itália) não colocou nenhum barco nos lugares olímpicos.

Amanhã emoções finais…

Os K4 Portugueses e os 200m femininos – Crónicas de Milão #Planetcanoe #canoagem #Milão2015

Um dia muito esperado principalmente pela entrada em competição dos nossos k4 (masculino e feminino). Mas outras competições aconteceram e com resultados surpreendentes.

No entanto as primeiras conversas dirigem-se para o k2 500m feminino de ontem, e os resultados ainda possíveis. Na minha crónica de ontem fazia entender que o k2 Português da Joana/Beatriz já estariam eliminadas do apuramento olímpico. Como em Portugal nós somos adeptos das contas finais, ainda existem algumas combinações que possam levar a essa qualificação olímpica tão desejada. Fazemos força para que isso aconteça.

O dia de hoje de competições começa com as eliminatórias do k1 200m feminino, e com a presença da nossa Teresa Portela. Mais uma vez todas as favoritas a apurarem-se sem grandes dificuldades para a seguinte fase, que decorrerá amanhã. A Teresa entra na 4ª posição mas parece nitidamente dosear o seu esforço, talvez para recuperar ainda dos 500m do dia anterior.

Logo de seguida entram as C1 200m femininas. O facto de se tornar em 2020 (tudo indica que sim) disciplina olímpica da Canoagem causa uma surpresa geral com 5 eliminatórias. E surpreendem também com o nível apresentado e não somente pelo número de presenças. 48 segundos em 200m para as da frente

Apesar de ainda se terem realizado mais algumas competições, toda a nossa atenção está voltada para o k4 1000m. Ainda com algumas dores nas pernas dos muitos km em bicicleta do dia anterior, lá nos encontramos alguns Portugueses entre os que utilizam este meio para seguir as competições. 1ª eliminatória ganha pelos Checos, actuais campeões do Mundo. Nitidamente a controlarem os adversários e a conseguirem ganhar com margem suficiente para afirmarem que são novamente candidatos. 2ª eliminatória e partida canhão da equipa portuguesa. A todos nos pareceu que a equipa levava um ritmo alto de pagaiada. No entanto esse ritmo um pouco elevado permitiria a recuperação final da SVK [Eslováquia]e consequente vitória (por 0,06 segundos) e qualificação directa para a final. Portugal é assim relegado para a semi-final com o 2º melhor tempo das eliminatórias!!! O desporto nem sempre é justo… Respiramos fundo e voltamos para a largada para vermos a 3ª eliminatória, que viria a ser controlada pela Hungria. Fiquem tranquilos, pois por aqui já fomos conversando e vamos ganhar a semi-final…

Rapidamente passam para a distância dos 500m e entram novamente em acção os Portugueses em k4, mas desta vez as nossas meninas (Joana, Beatriz, Francisca e Helena). depois de uma largada rápida que é característica desta embarcação, o barco nacional perde alguma vitalidade e termina na 6ª posição na eliminatória mas a passar à seguinte fase. Surpreende-nos novamente a prestação da equipa da casa a Itália, que no k4 feminino não consegue passar das eliminatórias.

Continuamos a fazer mais uns km em bicicleta e vamos vendo algumas provas de 500m, onde os favoritos passam facilmente à seguinte fase. Entramos imediatamente nas conversas sobre o dia de amanhã que se revela bem importante para nós. Vamos ter as tão esperadas finais (C1 200m Masculino, k1 500m Feminino e k1 1000m masculino), além da semi-final do k4.

Vamos, Portugal!!!!!!!!!!!!!!

Ah, esquecia-me de dizer que a Claque das Quinas já vai sendo enorme. Assim de cabeça posso referir que a maior comitiva é a de Ponte de Lima

Filipe Pereira

Rumo ao Rio – opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 21/08/2015 – sem link

Nos próximos dias disputam-se três campeonatos do Mundo em modalidades nas quais Portugal tem legítimas expectativas de bons resultados tendo presente a participação nos Jogos Olímpicos do Rio 2016: atletismo, canoagem e judo.
Considerando vivermos num país com um dos menores rácios de prática desportiva, tendo em conta o número de atletas federados, termos aspirações a conquistar lugares de mérito em Mundiais em modalidades olímpicas – e a um ano dos Jogos Olímpicos – indicia que a nossa competitividade internacional é superior à nossa realidade desportiva.

Os resultados vão certamente ter eco na opinião pública. Com a habitual desenvoltura, muitos opinarão sobre os resultados sem sequer saber distinguir uma modalidade olímpica de não olímpica e a densidade competitiva que tal diferença pressupõe. Vão suceder-se os elogios e as criticas, quantas vezes sem saber se um segundo, um centímetro ou um ponto constituem uma diferença abissal ou apenas estão na margem de erro aceitável dentro da imprevisibilidade da competição.
Este desconhecimento no grande publico é aceitável e até comum na maioria de países e modalidades. O mesmo não se poderá aceitar àqueles a quem recai essa análise técnica, sejam eles comentadores, jornalistas ou responsáveis pela gestão da preparação. Há a responsabilidade de ter presente quais são as características técnica da modalidade, o quadro competitivo internacional e quais eram as metas específicas.
Sem entrar em qualquer processo de desculpabilização, sejam quais forem os resultados, convém não esquecer que estes, por si, só não fazem dos atletas melhores ou piores pessoas, distingue-os por serem mais rápidos ou melhores do que os seus adversários num determinado momento.
Sorte e força aos nossos atletas que se prepararam para lutar pelo seu melhor resultado rumo ao Rio 2016.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

As semifinais – Crónicas de Milão #canoagem #ICFsprint @Planetcanoe

Filipe Pereira, em Milão 20/08/2015 – foto de FPC

Ao chegar encontramos o lago em condições excelentes para a Canoagem. Não fosse verificar-se ainda a presença de algumas algas no campo de regatas, e seria mesmo uma pista 5 estrelas.

Logo pela manhã assistimos às primeiras eliminatórias de 1000m, 500m e 200m, entre as quais algumas das tão esperadas distâncias olímpicas.

De Portugal a primeira a entrar em acção foi a Teresa Portela no K1 500m. Apesar de uma boa largada teve um final um pouco menos forte e deixou-se ficar pela 3ª posição final na chegada. No entanto ao serem apurados um grupo enorme de atletas de cada eliminatória, a Teresa não teve qualquer dificuldade em passar à seguinte fase (semifinal). Depois foi a vez do Fernando Pimenta, K2 da Joana Vasconcelos/Beatriz Gomes e também do nosso representante em C1 Hélder Silva. O Fernando Pimenta a passar à semifinal com mais facilidade, mas ambas as embarcações a seguirem em frente. Pessoalmente surpreendeu-me a forma fácil como o Hélder venceu a eliminatória.

Das restantes competições assistimos à passagem clara de todos os grandes favoritos para a seguinte fase. No entanto cabe destacar a desclassificação do K2 da Dinamarca nos 1000m onde estava presente o Rene Poulsen. Pensamos devido a algum percalço na largada mas tendo sido interpretado pelo juiz de largada como falsa largada e consequente eliminação da competição.

Já depois de uma pequena pausa para o almoço, podemos assistir às excelentes prestações dos nossos atletas da Paracanoagem nas Finais B. Norberto termina na excelente 2ª posição (11º Mundial) e o Paulo na 5ª posição (14º Mundial). Um Grande aplauso para estes atletas que se bateram de uma forma fantástica.

Já da parte da tarde pudemos assistir às semifinais de todas as competições iniciadas na parte da manhã. Da passagem à seguinte fase (finais) depende a qualificação (ou não) para os Jogos Olímpicos. Por isso são sempre momentos de muita ansiedade e expectativa… Momentos duros… O público parece aperceber-se disso e comparecem em grande número, aumentando a espectacularidade do evento.

Começamos novamente pela Teresa Portela, que tinha ido parar a uma semifinal algo complicada com a presença de pelo menos duas atletas de renome. No entanto devido a uma excelente largada e uma parte final fantástica foi capaz de bater a Francesa Guyot e garantir a primeira presença portuguesa na final.

Segue-se o Fernando Pimenta no k1 1000m, onde se destacava “apenas” a presença do búlgaro Kirshev como o grande adversário. Momentos após a largada viu-se que o Fernando não teria qualquer oposição e entraria com confortável vantagem para a tão esperada final.

Seguidamente o K2 da Joana/Beatriz não consegue seguir a tendência dos companheiros anteriores e não entra nos lugares de apuramento para a final. Assim sendo poderão agora focar-se a 100% no K4, que ao ser apurado permitiria depois fazer também o K2 no Rio de Janeiro.

Terminamos a presença Portuguesa em grande com a vitória na semifinal dos 200m em C1 do Hélder. Sabemos do valor deste atleta, mas da minha parte continuo surpreendido com a facilidade como está a vencer todas as provas onde entra. Esperemos que seja assim na final…

Ambiente muito optimista na comitiva portuguesa. 

Quanto aos outros intervenientes, algumas surpresas e outros resultados mais dentro da normalidade. A maior parte dos favoritos passam à fase final, mas alguns resultados são de salientar. A equipa da “casa” Itália com enormes dificuldades para entrar nas finais, tendo sido a grande surpresa o K2 1000m do Dressino/Ripamonti a apurarem-se para a final à frente de atletas de países potencialmente mais fortes.

Esperamos ansiosamente pelas finais destas competições que irão decorrer no sábado. Amanhã damos descanso a alguns destes atletas para passar a outras embarcações. Aqui estarei ao final da jornada a contar a minha versão dos eventos. Agora vou descansar dos muitos km feitos em bicicleta para acompanhar algumas das provas.