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Disparidade nos tempos de referência dos 200 metros para o Mundial de Velocidade Milão #canoagem

A equipa Nacional de Velocidade estará presente no Campeonato da Europa a realizar nos próximos dias 1 e 2 de Maio em Racice, República Checa sem se fazer representar em K1 e K2 masculino na distância de 200 metros.

A participação no Campeonato do Mundo de Milão, de apuramento para os Jogos Olímpicos do próximo ano no Rio de Janeiro, prevê a participação de apenas 4 (!!) atletas (v. Plano Alto Rendimento pág. 6).

Tabela atletas Milão

Com a ressalva de que os números correspondem aos atletas seniores e que os atletas Sub-23 que demonstrem nível competitivo (tempos referenciais dos seniores), poderão ser chamados a participar no Mundial Absoluto.

TemposReferencia TemposReferencia1

Sabendo de antemão que apostamos forte no apuramento do nosso K4 1000 metros, é quase garantido que não há intenção/vontade de apostar na participação na distância Olímpica de 200 metros em kayaks masculinos.

O plano de alto rendimento estipula a participação no Campeonato do Mundo a quem conseguir finais A no Campeonato da Europa (v. Plano Alto Rendimento pág. 6). Sem a presença da equipa de 200 metros no Europeu, resta a esta jovem equipa tentar o apuramento para o Campeonato do Mundo, alcançando os tempos referenciais estipulados pelo Departamento Técnico, no decorrer da I Taça do Mundo a realizar em Montemor-o-Velho de 15 a 17 de Maio.

K1 200 METROS MASCULINOS

E é aí que a vida se complica para os atletas dos kayaks masculinos 200 metros. Ora bem, para o K1 200 metros têm de fazer 35’’ o que, na pista do Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, é tempo para ser campeão da Europa por larga margem. De notar que Peter Ostrom [Menning] venceu o Europeu em Montemor’2013 com 35,217’’.

Durante toda a época de 2014 o único atleta a baixar do segundo 35 [extra Mundial de Moscovo] foi o húngaro, Miklos Dudas, na 3ª Taça do Mundo em Szeged com 34,957’’. A pista de Moscovo foi a única que permitiu tempos abaixo dos 35’’, sendo considerada uma pista atípica em que o vento sopra pelas costas dos atletas, no sentido da chegada. [Ver tabela infra]

Tempos_K1_200

Por comparação, o tempo de referência em K1 1000 metros é quase 5 segundos [4,770’’] mais lento do que o tempo do vencedor do Europeu de 2013 em Montemor o que dá uma ponderação de +2,304% para além do tempo estabelecido por René Holten Poulsen na final A. [Ver tabela infra]

Tempos_K1_1000

K2 200 METROS MASCULINOS

Para o K2 200 metros masculinos, o tempo de referência de 32’’ garantia medalha de prata em todas as Taças do Mundo de 2014. Durante todo o ano de 2014 apenas a dupla alemã Ronald Rauhe/Tom Liebscher conseguiu tempos abaixo dos 32´´ . Uma vez mais só no Mundial de Moscovo, na rápida pista do Complexo Desportivo de Krylatskoye, possível ter tempos abaixo dos 32” [Ver tabela infra]

Tempos_K2_200

K1 200 METROS FEMININOS

Teresa Portela felizmente aparenta estar em grande forma e está apurada para o Campeonato da Europa, caso contrário teria de bater por 2,549 segundos (!!!), o tempo alcançado pela polaca Marta Walczykiewicz na final dos 200 metros que lhe garantiram o título Europeu em Montemor’2013 [00:42,549].

Ao longo de toda a época de 2014 ninguém conseguiu baixar do segundo 40” nas Taças do Mundo e no Campeonato da Europa. Apenas em Krylatskoye, Moscovo foi possível andar abaixo do segundo 40. [Ver tabela infra]

O mesmo problema se coloca com o tempo de referência para o K1 500 que é 1:53,000 mas que aqui não é apresentada a tabela comparativa.

Tempos_K1_200F

K2 200 METROS FEMININOS

O mesmo se passa com a dupla portuguesa que estará presente em Racice, no próximo fim-de-semana. Caso tivessem que cumprir o tempo de referência em Montemor-o-Velho teriam de ser 1,363’’ mais rápidas do que a dupla Katalin Kovacs / Natasha Janic da Hungria no Europeu de Montemor’2013.

Na época de2014 só quem conseguiu baixar o tempo referencial de 38’’ foram os atletas presentes em Moscovo e a dupla da Eslováquia que venceu a 2ª Taça do Mundo em Racice.

Tempos_K2_200F

C1 200 METROS – HÉLDER SILVA

O tempo de 40’’ para a C1 200 metros garantia o título Europeu de 2013 por 1,676 segundos de vantagem. Hélder Silva em 2014 só conseguiu baixar dos 40’’ na pista de Moscovo nos Mundiais: 39,981’’elimnatória / 38,365’’ SF1 / 39,397’’ na final A.

O 4º lugar alcançado na 3ª Taça do Mundo em Szeged foi com o tempo de 40,649’’; o bronze na 2ª Taça em Racice com 40,037’’ e o bronze nos Europeus de Brandenburg com 43,420’’.

PONDERAÇÃO IGUAL AO K1 1000 METROS

TemposCorrigidosTendo como base de trabalho a ponderação atribuída para o K1 1000 metros que é de +2,304% para além do tempo do 1º classificado no Campeonato da Europa de 2013 em Montemor-o-Velho, foi criada esta tabela à direita para uniformizar os tempos referenciais. A título de exemplo, no K1 200 metros o tempo passa para 36,028” que é um tempo de nível e dava acesso à final A no Europeu de 2013 (8º lugar). Ver resultado completo AQUI.

Abaixo está a tabela comparativa de todos os tempos de referência com base nos resultados do Europeu de Montemor’2013.

TabelaECATemposRef

CONCLUSÕES

Há uma discrepância entre os tempos exigidos aos atletas masculinos e femininos dos 200 metros em kayaks e canoa.

Não há uma ponderação percentual proporcional e uniforme que tenha em linha de conta o histórico dos tempos obtidos em Montemor-o-Velho em competições internacionais.

A única prova de referência internacional onde se pode aferir tempos para o CAR de Montemor-o-Velho é o Campeonato da Europa de Absolutos de 2013.

É grave os kayaks masculinos de 200 metros estarem de fora da participação do Campeonato da Europa, logo não podendo “aferir o nível competitivo internacional” (v. Plano Alto Rendimento pág. 6) e ajustar o treino visando o apuramento Olímpico.

Entrevista a Sarah Guyot – Equipa de França prepara-se para o Rio

Foto Alain Urban

Original Canoe Kayak Mag, adaptado de Sportscene.tv

Há algumas semanas atrás as equipas de França estavam a treinar por idade e categoria. Os juniores em Nancy, os seniores em Vaires-sur-Marne e as mulheres em Cesson-Sévigné sob liderança de Claudine Leroux.

Oito mulheres** treinaram tripulações de segunda a sexta em Rennes e Mur de Bretagne. O primeiro estágio da época foi dedicado à coesão, adaptação e técnica em tripulações. “Dá-me uma perspectiva da equipa antes do período de inverno”, explica Claudine Leroux, treinadora da equipa de França de kayaks mulheres. “Estabeleci como prioridade as tripulações mas também variei os treinos para aferir a especialização de cada uma antes do início do inverno.”

Houve alterações nos K2 e K4 para evidenciar as qualidades de cada uma. “ O Rio e os Mundiais de 2015, estão muito perto, são amanhã afirmou Claudine Leroux. Para conseguires vagas tens de definir uma estratégia e para isso tens de saber os pontos fortes e as limitações de cada uma das atletas. Consegui definir a melhor voga para o K4 e a predisposição de cada uma para as outras posições e ao juntar as Sub-23 consegui identificar as melhores qualidades destas atletas.”

O próximo encontro está previsto para Dezembro com os testes de ginásio e corrida antes do estágio de preparação geral (bicicleta, corrida, natação e ginásio) com uma equipa mais pequena em Lanzarote em Janeiro.

** Sarah Guyot, Sarah Troel, Léa Jamelot, Joanne Mayer, Amandine Lhote, Gabrielle Tuleu, Léa Caurant e Caroline Constancis

Entrevista Sarah Guyot

Sarah Guyot, a melhor canoísta francesa, fez uma excelente época em 2014, vencendo 2 títulos nos Europeus de Sub-23 em K1 500 metros e K1 200 metros e ao terminar em 5º lugar em K1 200 metros nos Mundiais de Moscovo. Ela fez connosco um balanço da época, do seu progresso e objectivos.

Sarah, como revês a época de 2014, foi emotiva?

“Num misto de sensações porque fiquei contente com os títulos e a final de 200 metros em Moscovo mas lamento e tenho algumas dúvidas em relação aos 500 metros. Este ano fui melhor nos 200 metros porque treinei mais essa distância o que me permitiu fazer boas provas. Nos 500 metros tive muitas dúvidas e acho que isso me fez perder a estratégia. Tenho que trabalhar esse aspecto da prova.”

Evoluíste muito desde o teu título de K1 500 metros nos Mundiais de Sub-23 [Niagara – Canadá]. Como explicas isso?

“Depois dos Jogos de Olímpicos de 2012 fiz uma introspecção. Mudei tudo: a forma de treinar, as pessoas à minha volta e redefini os objectos que teria de alcançar para evoluir. Reflecti sobre o que a canoagem é para mim, o que pretendia e como me via neste desporto o que obviamente me ajudou. Não encontro outra explicação. Era necessário e agora estou a colher os frutos disso. Desde aí, em todos os treinos, aplico-me para evoluir e é uma dedicação constante e fundamental.”

Estás neste momento a treinar com a equipa feminina de França. Com a chegada do inverno queres ir treinar para fora, em regiões mais quentes, com estrangeiros como alguns dos homens fazem?

“Sim, eu gostava de um fazer mas não é a altura ideal para mim porque durante o inverno eu aplico-me muito nos meus estudos (está a estudar fisioterapia). Ainda me faltam 3 anos e quero dedicar-me aos estudos. Depois de me licenciar, porque não? Gostaria de experimentar a experiência de treinar num ambiente competitivo.”

A próxima época vai ser decisiva para os Jogos e das famosas quotas. Como antevês isso?

“É um ano chave para o acesso ao Rio mas não quero antecipar muito as coisas. Obviamente receio não me qualificar mas o certo é que neste momento ainda não defini a minha estratégia. Posso especializar-me numa distância mas é uma grande decisão e ainda não tenho a certeza de querer perder uma distância.”

200 metros ou 500 metros, o que preferes?

“Prefiro claramente os 200 metros porque sou melhor mas também porque na época passada não consegui acertar com a estratégia para os 500 metros.”

Para conseguir uma vaga estás disposta a correr em tripulações? Gostavas de o fazer?

“Não quero fechar nenhuma porta. As tripulações podem interessar-me mas neste momento concentro-me em alcançar todo o meu potencial no K1. Posso entrar numa tripulação se essa for a melhor equipa possível que consiga o melhor resultado possível. Não é fácil quando és bom no K1 e estás habituado a fazer provas individuais, pensar voltar a correr em tripulações, no entanto, não quero eliminar essa possibilidade.”