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CANOAGEM EM ANGOLA

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A modalidade surgiu em Angola a partir do ano 2000. Foi a partir daí que se projectou e construiu-se o primeiro caiáque a navegar por águas angolanas. A primeira participação do num campeonato de canoagem foi em 2003, na Tunísia.

A canoagem em Angola sobrevive graças a duas agremiações – o clube Naval e o clube Náutico, ambos de Luanda. “No tempo colonial não tínhamos canoagem. Hoje, estes clubes têm dado grande atenção à modalidade”, conta Francisco Freire, vice-presidente da Federação Angolana de Desportos Náuticos e também selecionador nacional.

Foi graças aos clubes que se deram os primeiros passos em termos de participação nas competições, aos níveis do continente e do mundo. “Estamos satisfeitos pelo calor e apoio de alguns dirigentes e atletas, que puderam estar duas vezes nos Jogos Olímpicos e isso é um indicador de muito trabalho e muito sacrificio”, afirma.

Angola não teve sucessos no último campeonato realizado em Novembro, na Tunísia, isso por falta de apoios e preparação. “Só faltou mais apoio. Na Cote DIvoire, em 2010, tínhamos conseguido 14 medalhas entre seis de ouro e outras de prata e bronze”, revela. Hoje pratica-se canoagem essencialmente na Baía de Luanda.

“Temos uma Baía fantástica e isso pode impulsionar a modalidade e até mesmo o turismo”, assegura. Diferente, por exemplo, da natação ou da ginástica em que a criança entra muito mais cedo em contacto com a modalidade, na canoagem chega-se muito mais tarde, a partir dos 13 ou 14 anos. “É necessário força muscular suficiente para fazer movimentos na água. Em termos físicos a canoagem é um pouquinho exigente”, conta.

“Filho de peixe, peixe é!” Embora tenha sido introduzida recentemente no país, a canoagem passou a ser muito disputada por filhos de pescadores e navegadores da Ilha de Luanda. O universo dos atletas de canoagem é maioritariamente de nascidos na Ilha e a aprendizagem torna-se, para estes, muito mais fácil. “Estes atletas já estão familiarizadas com a água. Sabem nadar, dominam o meio aquático e têm já uma habilidade em aprender facilmente a modalidade. Eles apenas dão sequência às actividades que os seus pais já faziam”, declara.

Na modalidade, as pessoas que chegam de outros locais que não a zona ribeirinha levam muito mais tempo a aprender. Parece simples, mas aprender a remar torna-se mais dificil que andar de patins ou de bicicleta.

O primeiro destaque angolano na modalidade foi conquistado por Fortunato Luis Pacavira. Natural da Ilha de Luanda é o maior canoísta da história do país. Foi em 1999 queo atleta se iniciou no Clube Naval e soma muitos títulos de canoagem. “Consegui carimbar o passaporte para quatro campeonatos africanos, dois campeonatos do mundo, três copas do mundo. Uns jogos pan-africanos e dois jogos olimpicos. Espero fazer muito mais”, admite Fortunato Pacavira.

Outros atletas destacados na modalidade são Luís Cabral e Ilídio Janota, sendo o primeiro deficiente físico e o segundo o mais novo na modalidade. Ilídio, mais conhecido por “Fufu“, é o atleta mais novo. Com apenas 12 anos começou a práticar este desporto. Atleta do Naval, já sonha chegar às olimpíadas. “Vou treinar muito e dar sempre o meu melhor para chegar lá”, promete. Já Luís Cabral pratica canoagem por influência de outros colegas e já o faz há um bom par de anos. “Ainda tenho algumas dificuldades, principalmente em deitar o barco por causa da minha condição física, mas com o passar do tempo vou superando todos os obstáculos“, indica.

Luís já participou nos jogos africanos, e espera participar nos Jogos Olímpicos e pretende ainda continuar na seleção nacional. Estes jovens treinam todos os dias. Parar é proibido. Nos clubes que frequentam, ganham bolsas de estudo que garantem o futuro.

Os bons resultados conquistados pela canoagem angolana nos últimos anos não se restringem apenas às conquistas dentro d´agua, mas também ao esforço que estes “filhos de peixe” fazem na água. O que se faz? A Federação começou agora a receber apoio do Governo. “Dentro da nova estratégia de desenvolvimento do desporto, foi eleita como modalidade prioritária no país. Estamos satisfeitos. Isso justifica os 14 anos de muito trabalho. Já faltava este reconhecimento”– conta Francisco Freire.

As dificuldades que impediam a realização da programação de preparação dos atletas está quase superada. A Federação angolana de desportos náuticos acredita que a canoagem é realmente um desporto em que vale a pena apostar. “Hoje, a nível da África, temos cerca de 30 país filiados na Federação e estes 30 países estão a invesficientetir. Nós, Angola, com os planos de água que temos e com os meios que dispomos em termos de recursos hidricos, temos tudo para ser uma referência. O maior fabricante de caiaques do mundo é por sinal um angolano, residente em Portugal. Nelo é uma marca de sucesso e tem boas relações com a Federação. Há um projecto de fabricação e industrialização de caiaques e canoas. Se tudo correr bem, ainda este ano, vamos fazer 60 embarcações entre canoas e caiaques. Teremos também um técnico da fábrica do Nelo que vai dar um curso de fabrico de embarcações aos atletas e todos interessados. Com isso esperamos abrir novos clubes” – revela.

O objectivo é trazer uma medalha de ouro dos jogos olimpicos. “Os nossos atletas são dos melhores em África e eles têm a capacidade de conseguir as qualificações olimpicas”, afirma, confiante, Heraclito Guimarães, director desportivo do Clube Naval.

Mwana Afrika – Novo Jornal