Qual é a nossa praia? – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 4/09/2015 – sem link

O Mar Mediterrâneo mais se assemelha, nos últimos tempos, a uma vala comum onde muitos navegam para fugir à guerra, e a territórios nos quais os laços que os uniam foram desfeitos por crimes cometidos a uma escala, e com uma perversidade que nos trazem más memórias.

Simultaneamente decorrem, não muito longe, numa praia do Mediterrâneo, em Pescara, na Itália, os I Jogos de Praia do Mediterrâneo. Competições em 11 disciplinas na especialidade de praia: aquatlo, andebol, voleibol, ténis, futebol, luta livre, natação águas abertas, natação com barbatana, ski aquático, canoagem e remo. Infelizmente, Portugal ainda não teve a desenvoltura para entrar nesta comunidade que também organiza os Jogos do Mediterrâneo e com a qual temos muito em comum.

Conta com a participação de 24 Países, entre os quais se encontram a Síria, a Turquia, a Líbia, Egito, Bósnia, Sérvia, Tunísia ou Líbano. Não deixa de ser relevante que num momento em que se vivem grandes convulsões nestes, e entre alguns destes Países, o desporto tenha a capacidade de unir os povos num momento de celebração. Num palco – praia do Mediterrâneo – onde não muito longe as imagens que nos chegam são outras. Lembra-nos mais uma vez esse papel fundamental que o desporto encerra como promotor da paz. Assistir a competições entre atletas de Países em conflito, sem as luzes dos média, sem os batalhões de seguranças, os scanners e revistas corporais. É uma pequena luz inspiradora!

Estes jogos para já, não têm grandes audiências, não têm retornos financeiros, não têm vedetas, não têm atletas profissionais, não têm grandes infra estruturas, são “apenas e tão só” atletas a competir nas praias, usando a areia e o mar como “estádio” em disciplinas muito próximas do desportista comum, enchendo as praias e quem as frequenta de VIDA.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

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