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HÉLDER SILVA: DE CANOA ATÉ AO POSTO

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Foto Estela Silva – Lusa

A vida de Hélder Silva bem podia passar ao cinema, tal têm sido as muitas peripécias ao longo dos anos. O Canoísta começou a praticar a modalidade aos 9 anos (tem 26), fez duas interrupções na carreira desportiva, mas nesta altura acalenta o sonho de chegar aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. Pelo meio, abandonou os estudos no 12º ano, foi repositor numa grande cadeia de supermercados em Braga, para agora abraçar de corpo e alma a profissão de guarda da GNR, no posto de Maiorca, em Montemor-o-Velho. Profissão que divide com a canoagem, ainda que as coisas nem sempre sejam fáceis de conciliar.

“Como é o meu dia-a-dia? Depois de saber da minha escala no posto, assim programo os treinos. Se começar a trabalhar às 8 horas, treino depois das 16; se for o contrário, começo o dia na canoa e depois vou para o posto.” E quando trabalha à noite? “Muitas vezes vou directo para os treinos. O meu treinador não gosta muito que faça isso”, explica.

Hélder Silva chegou a guarda da GNR depois de ter tirado o curso em Portalegre em 2012. “É uma profissão que gosto muito. Já tinha tentado antes tirar o curso mas não tinha conseguido.” Os nove meses que esteve no Alto Alentejo a “aprender” a ser guarda obrigaram-no a ter de abandonar a canoagem. “Tive de deixar a Selecção Nacional. Quando acabei o curso, regressei aos treinos e falei com o ex-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Mário Santos, para lhe dizer que queria regressar e tentar o apuramento para os Jogos Olímpicos. É nisso que estou focado. Sei que vai ser difícil, pois a qualificação na canoagem acontece apenas numa prova.”

AUSÊNCIA

A primeira vez que Hélder Silva decidiu deixar a alta competição e nomeadamente a Selecção Nacional foi em 2010. “As coisas desportivamente não estavam a correr bem, apesar de no ano anterior ter sido finalista no Europeu. Não apostavam muito em mim, então decidi sair, apesar de continuar a treinar.” E como tinha já abandonado os estudos, teve de procurar emprego. “Fui trabalhar como repositor para o Continente de Braga. Estive lá um ano e meio”, explica.

Mas o bichinho da canoagem estava lá. “Em 2011, fui a uma prova internacional em Montemor-o-Velho e fiquei em 2º. A partir daí, regressei à Selecção e entrei no Projecto Olímpico para 2012. Não consegui ir a Londres.”

Mas como a canoagem e o desporto “não dão de comer a ninguém”, o atleta teve de fazer pela vida e procurar novo emprego. E esse novo emprego é o de guarda. A primeira colocação foi no Cadaval, onde esteve 4 meses. Consegui transferência para Maiorca, para poder tirar partido do CAR de Montemor-o-Velho, onde é residente.

Jornal Record – 29/5/2014, Ana Paula Marques