Jornal A Bola, 02/01/2015 – sem link
Como é habitual e, com a entrada do novo ano lançam-se as previsões para 2015. Tal como em todas as áreas também no desporto tal acontece (já sabemos tratar-se de assunto tabu as medalhas nos Jogos Olímpicos, quando muito prever que serão 25% de X).
Um ano que será extremamente exigente para o alto rendimento, com muitas das qualificações olímpicas a ficar definidas, indiciam as estatísticas que a maioria dos atletas que conquistam medalhas nos Jogos Olímpicos garantem as suas qualificações no ano anterior (as exceções confirmam a regra como aconteceu nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 com o k2 da canoagem Fernando Pimenta/Emanuel Silva).
Prevejo que se anuncie pela enésima vez: a elaboração da Carta Desportiva Nacional, uma conta satélite para o Desporto; o funcionamento pleno do modelo de gestão dos Centros de Alto Rendimento e a sua internacionalização; uma nova dinâmica para a Fundação do Desporto; grupos de trabalho para dar resposta a uma qualquer noticia relacionada com o futebol e que tenha mais impacto na comunicação social.
No entretanto, de forma silenciosa mas consistente continuaremos com menos meios para o desporto de formação, menos resultados internacionais em eventos e disciplinas com profundidade e competitividade internacional e o desporto cada vez mais longe da escola.
Desejo que entre os grandes planos que se irão anunciar os pequenos projetos continuem a dar os seus frutos com as “sobras” do financiamento aos grandes projetos que nunca se concretizam. Desejo que a tribo do desporto continue a superar-se, porque somos peritos em nos organizar para sustentar a organização na vez de organizar para concretizar projetos com resultados.
A teia burocrática que consome parte substancial dos meios alocados ao desporto parece um projeto em si mesmo, com mais espaço para assessores do que para técnicos de desporto, onde germina a tentação pelo “carro preto e motorista”. Prevejo que esta voragem continue…..