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Previsões 2015 – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 02/01/2015 – sem link

Como é habitual e, com a entrada do novo ano lançam-se as previsões para 2015. Tal como em todas as áreas também no desporto tal acontece (já sabemos tratar-se de assunto tabu as medalhas nos Jogos Olímpicos, quando muito prever que serão 25% de X).

Um ano que será extremamente exigente para o alto rendimento, com muitas das qualificações olímpicas a ficar definidas, indiciam as estatísticas que a maioria dos atletas que conquistam medalhas nos Jogos Olímpicos garantem as suas qualificações no ano anterior (as exceções confirmam a regra como aconteceu nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 com o k2 da canoagem Fernando Pimenta/Emanuel Silva).

Prevejo que se anuncie pela enésima vez: a elaboração da Carta Desportiva Nacional, uma conta satélite para o Desporto; o funcionamento pleno do modelo de gestão dos Centros de Alto Rendimento e a sua internacionalização; uma nova dinâmica para a Fundação do Desporto; grupos de trabalho para dar resposta a uma qualquer noticia relacionada com o futebol e que tenha mais impacto na comunicação social.

No entretanto, de forma silenciosa mas consistente continuaremos com menos meios para o desporto de formação, menos resultados internacionais em eventos e disciplinas com profundidade e competitividade internacional e o desporto cada vez mais longe da escola.

Desejo que entre os grandes planos que se irão anunciar os pequenos projetos continuem a dar os seus frutos com as “sobras” do financiamento aos grandes projetos que nunca se concretizam. Desejo que a tribo do desporto continue a superar-se, porque somos peritos em nos organizar para sustentar a organização na vez de organizar para concretizar projetos com resultados.

A teia burocrática que consome parte substancial dos meios alocados ao desporto parece um projeto em si mesmo, com mais espaço para assessores do que para técnicos de desporto, onde germina a tentação pelo “carro preto e motorista”. Prevejo que esta voragem continue…..

Reforma(dos) – Opinião de Mário Santos

Jornal A BOLA, 31/10/2014 – sem link

O discurso das reformas estruturais está em voga. Estas ditas reformas deviam ter subjacente uma estratégia e uns objetivos bem definidos. Contudo, torna-se cada vez mais claro estarmos perante uma mera estratégia de “cortina de fumo”, querendo estar em sintonia com o discurso da “moda” ou, na maioria das vezes, como forma de justificar a redução de meios.

Há uns dois anos, no debate de ideias/programas para as eleições do Comité Olímpico de Portugal (COP), um dos temas chave era a fusão – ou até dissolução – da Confederação do Desporto de Portugal (CDP) no COP (recorde-se que o próprio presidente da CDP era candidato… e depois abdicou para integrar uma outra lista, como vice-presidente). De muito importante, este tema passou ao… esquecimento. É típica a capacidade portuguesa de esquecer o debate do importante e privilegiar o urgente.

Continuam a sobrar entidades a “gerir” o desporto nacional: Secretaria de Estado do Desporto e Juventude, Conselho Nacional do Desporto, Instituto Português do Desporto e Juventude, Fundação do Desporto (FD), CDP, COP, Comité Paralímpico de Portugal (CPP)… Todos estes organismos com atividade corrente fortemente dependente do financiamento público.

No meio de tantas comissões, grupos de reflexão, congressos e grupos de trabalho, seria avisado que se encontrasse tempo para um estudo sério e aprofundado sobre a sustentabilidade, eficiência e necessidade de tantos organismos, que devoram grande fatia dos meios alocados ao desporto, apenas para sustentar a sua actividade regular..

Engavetar os projetos e os objetivos, tratar do urgente em detrimento do importante e gerir em constante programa eleitoralista participativo ajuda a envolvê-los a todos num processo de… não decisão.

Seria ótimo habituarmo-nos a avaliações (não disse “autoavaliações”) a fim de verificar se, de facto, reformamos ou se apenas cortamos e, assim, nos conformamos, aguardando, serenamente, pela nossa própria reforma.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Invasão de algas pode fazer perigar Mundiais de canoagem em Portugal

Depois da primeira chamada de atenção que pode ser lida AQUI o presidente da FPC volta a alertar os responsáveis.

OBSERVADOR, 06/08/2014

O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Vítor Félix, manifestou-se hoje “bastante apreensivo” pela invasão de algas no Centro de Alto Rendimento (CAR) de Montemor-o-Velho, que podem fazer perigar os Mundiais e Taça do Mundo de 2015.

“Em 2015 temos dois grandes eventos internacionais, a Taça do Mundo em maio e o Campeonato do Mundo de juniores e sub-23 em julho, com cerca de 1.000 atletas, a maior prova da canoagem mundial. A minha preocupação é a visita da Federação Internacional de Canoagem (ICF) no final do ano às instalações. Se não estiverem em condições, poderão invalidar a realização desses eventos”, advertiu o dirigente.

Em declarações à Lusa, Vítor Félix revelou “profunda preocupação” com o facto de “há muito” ter feito o alerta e a situação ainda não estar resolvida: “Estou bastante apreensivo relativamente às condições que o CAR apresenta neste momento. Existem muitas algas no canal de retorno que prejudicam claramente a realização de eventos desportivos canoagem e remo, além de afetar a preparação dos atletas”.

“A câmara municipal está a fazer todos os esforços para que a breve prazo seja limpo o canal, evitando o crescimento de algas que já estão neste momento a invadir a pista principal. No entanto, essa situação mantém-se desde novembro 2013 e gostaríamos de a resolver o mais breve possível”, completou.

Vítor Félix reconhece as “dificuldades financeiras” da autarquia, mas recorda que “face ao investimento de 27 milhões do Estado, da União Europeia e da câmara municipal no CAR, era bom que houvesse uns tostões para resolver a situação”.

O dirigente diz que tanto a autarquia como a Fundação do Desporto, que superintende os CAR, estão “a par da situação”, mas receia que os “procedimentos burocráticos” compliquem a resolução do problema e assim “manchem a imagem de capacidade e organização da canoagem portuguesa no panorama internacional”.

O presidente da FPC reitera ainda a “disponibilidade da federação para cooperar” na tentativa de que as “palavras e boas intenções” passem a atos.

 

 

 

A Fundação do desporto – Opinião de Mário Santos

Mario Santos

Jornal A BOLA – 23/5/2014 – Sem link

A inevitável extinção de Institutos e Fundações, quantas de interesse e valor duvidoso, poupou a Fundação do Desporto. Justificou o Governo com o papel que esta iria ter na gestão central e financiamento dos Centros de Alto Rendimento (CAR) e na captação de fundos privados para o desporto (mecenato e os benefícios fiscais em geral aplicáveis ao desporto). Promoveria ainda a dinamização do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED).

Decorridos mais de dois anos, desconhecemos, de todo, qual a atividade concreta deste organismo. A título de exemplo, temos o Modelo de Gestão dos CAR: já devia funcionar em pleno, sob a égide da Fundação do Desporto, desde o final de 2012. Na verdade, apenas esta quarta feira foi celebrado o contrato programa entre a Fundação e o IPDJ para dar início á implementação de tal modelo.

Lamentavelmente, até hoje os únicos momentos em que ouvíramos falar da dita fundação deveram-se ao inapropriado e injustificável protagonismo dos seus presidentes. Apesar de se tratar de um cargo de nomeação política, assistimos, de forma preocupantemente descontraída, aos presidentes da Fundação do Desporto a assumir posições públicas de apoio a listas de organismos do desporto nacional. Será este o contributo para a dinamização da ética no Desporto?

O anterior presidente fez campanha por uma lista às eleições do Comité Olímpico de Portugal, cujos votantes, as federações, se iriam candidatar aos fundos públicos que a “sua” Fundação iria distribuir. Recentemente, mais do mesmo: o atual presidente assumiu o apoio a uma lista para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

É profundamente preocupante a forma permissiva como todos os agentes desportivos aceitam estes comportamentos. Sem sequer questionar a racionalidade e utilidade de tantas instituições a tutelar o desporto. Consomem parte significativa dos recursos sem lhes conhecermos mais-valias efetivas. Num barco que não quer afundar, é aconselhável parar de meter água.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

“Muito milhão exige gestão” – Artigo de Opinião de Mário Santos

Mario Santos

Jornal A BOLA – 4/4/2014 – Sem link

Em sentido inverso aos múltiplos êxitos desportivos e organizativos internacionais da canoagem portuguesa, o Centro de Alto Rendimento (CAR) de Montemor-o-Velho revela problemas que podem fazer perigar tudo o que tem sido conquistado. A dias das provas de seleção da equipa Olímpica, meses após terem competido nos Europeus de Portugal os melhores canoístas do Mundo, a um ano de organizar o Campeonato do Mundo júnior e sub-23 e após a conquista da organização dos “olímpicos” Mundiais absolutos de velocidade em 2018, é assustadora a inexistência de manutenção no CAR. Um dos canais foi invadido por plantas que o tornam inavegável, a balizagem está degradada por não ter sido retirada, a torre de chegada revela insuficiências estruturais, os balneários estão sem água quente há largos meses… Portugal tem 13 CAR, resultado de um avultado investimento total próximo dos 100 milhões de Euros. As autarquias são quem tem assumido, quase na sua totalidade, os custos de manutenção e financiamento. A 9 de outubro de 2012, a tutela prometeu, pomposamente, que até ao final de 2012 entraria em vigor um modelo de gestão dos CAR, a ser partilhado pela Fundação do Desporto, federações e autarquias. Estamos em 2014 e… nada. Parece-me que um modelo de financiamento individualizado norteado pela especificidade, competitividade, resultados operacionais e desportivos atingidos seria o caminho mais adequado e que o modelo proposto será de difícil implementação. Disse-o na altura e justifiquei-o a quem de direito. A Canoagem já provou ser possível a sustentabilidade: organiza elevado número de provas do calendário internacional, tem muitos eventos desportivos nacionais e estágios das suas seleções. Agora que fizemos o mais difícil – construir as infraestruturas – é crime público deixá-las ao abandono. O país não pode dar-se ao luxo destas (in)capacidades dos decisores, nem pode perder oportunidades de potenciar investimentos, tanto na vertente desportiva como na económica.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Canoagem teme que “problemas estruturais” do CAR periguem provas internacionais

 

O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem disse esta segunda-feira estar preocupado com alguns problemas estruturais no Centro de Alto Rendimento (CAR) de Montemor-o-Velho, que vão poder colocar em causa um conjunto de provas internacionais.

“O CAR vai ser palco todos os anos de eventos internacionais, como Campeonatos do Mundo e Taças do Mundo. Estamos preocupados com alguns problemas estruturais que tem neste momento, principalmente o da parede arbórea que protege a entrada de vento na pista, a única falha que as instâncias internacionais têm apontado à nossa pista”, disse à agência Lusa Vítor Félix, presidente da federação.

Em 2015, Portugal organiza em Montemor-o-Velho o Campeonato do Mundo de juniores e sub-23, bem como uma Taça do Mundo sénior, que se repete no ano seguinte. O ponto alto será em 2018 com os Mundiais absolutos.

Vítor Félix revela que o projeto, que custou 25 milhões de euros, está ainda necessitado de obras na torre de chegada, bem como manutenção e substituição de balizagem das pistas. As algas que têm impossibilitado o uso da pista de retorno é outra das prioridades para o dirigente.

“No final deste ano teremos seguramente uma vistoria por parte ICF [Federação Internacional de Canoagem] e ECA [Associação Europeia de Canoagem], que podem colocar em causa a própria organização dos eventos”, adverte o presidente da federação.

O dirigente revela o compromisso tripartido assumido entre o município de Montemor-o-Velho, a Fundação do Desporto (entidade pública que superintende os modelos de gestão dos CAR) e a federação para que este verão a pista já tenha sido devidamente intervencionada.

Além das provas internacionais de pista, disciplina olímpica, a FP Canoagem também ganhou a organização dos Europeus de maratonas em 2017 e mundiais em 2018, além de Taça do Mundo em 2016. Este ano, promove o I Campeonato toda Europa de kayak canoagem de mar, após ter sido responsável para estreia mundial da competição, em 2013.

“Temos vindo a organizar sucessivos eventos desportivos internacionais com nível de excelência. Era um sonho organizar em 2018 os dos primeiros eventos da canoagem mundial, mas ficou mais uma vez demonstrada a confiança da ICF na canoagem portuguesa e na sua capacidade”, conclui Vítor Félix.

Desporto Sapo, 31/04/2014