Arquivo da categoria: Entrevistas

“Confederação é horrível”, diz campeão de canoagem #IsaquiasQueiroz #Brasil

Original www.atarde.uol.com.br – Foto Balint Vekassy (ICF)

De um projeto social  à esperança real de medalha nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Esta é a trajetória de Isaquias Queiroz. Aos 21 anos, o baiano de Ubaitaba é hoje uma das referências da canoagem. Primeiro brasileiro a conquistar um título mundial na modalidade — em 2013, na prova de 500 metros —, ele iniciou com um ouro, no  fim de semana passado, sua temporada internacional de 2015.

Na prova de 500 m – não disputada na Olimpíada – da etapa de Duisburg  da Copa do Mundo de Canoagem, Isaquias  desbancou seu principal concorrente, o alemão Sebastian Brendel, atual campeão olímpico nos 1.000 m.

Na volta da Alemanha, ele conversou por telefone com A TARDE. De origem humilde, lembrou obstáculos que superou: “Trabalhava na feira às sextas e sábados. Geralmente recebia R$ 1 ou R$ 2 por carreto. Já sofri uma queimadura grave, só tenho um rim”.

O atleta criticou ainda a falta de apoio da confederação nacional de canoagem: “É horrível”. Mas apontou como decisivo para seu sucesso o espanhol Jesús Morlán. Com cinco medalhas olímpicas – um ouro e quatro pratas -, o técnico assumiu a seleção brasileira em 2013 e revolucionou o sistema de treinamento.

Isaquias também revelou que a rivalidade com Brendel se restringe às raias de competição. Fora delas, são amigos.  E sobraram elogios ao maior concorrente.

Você acaba de faturar a medalha de ouro na prova de 500 metros, em Duisburg, na Alemanha. Qual será seu próximo agora?
(risos) Rápido, não é? Para ter ideia, não tive e não terei descanso. Chegamos da Alemanha ontem (na última terça-feira) e já amanhã (quarta-feira), retornaremos aos treinos. Não posso perder tempo. O  foco agora é nos Jogos Pan-Americanos, no Canadá (de 11 a 14 de julho), e no Mundial de Canoagem, na Itália (de 19 a 23 de agosto). Queria até explicar isso, se me permite. Irei para  essas provas apenas pelos resultados, e não por uma classificação olímpica. Como a CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem)  escolheu a minha prova para ter vaga garantida nos Jogos do Rio – o Brasil tinha direito a uma vaga na modalidade -, eu  estruturarei minha programação sem ter de me preocupar em assegurar classificação.

Ainda falando sobre o ouro em Duisburg. Você venceu numa categoria que não é olímpica.  Na prova de 1.000 metros, porém, perdeu exatamente para o alemão Sebastian Brendel, campeão em Londres-2012…
Foi. Por muito pouco, mas perdi. Não é desculpa, mas, para mim, disputar o C1 1.000 foi complicado, pois a última vez em que competi nesta prova havia sido em abril, no Sul-Americano no Equador. Depois dei uma pausa. Já o Brendel, não. Ele está num ritmo bem maior e melhor  que o meu.

Hoje, Sebastian Brendel é seu grande rival?
Ele, sem dúvidas, na categoria e no esporte, é o ‘cara fora de série’. Muito melhor que eu ainda. Minha carreira ainda é precoce. Eu só tenho dois anos que brigo por medalhas, já ele está há anos nesse meio. Ele tem know-how, experiência… Mas eu estou chegando. Além de garra, vontade, meu grande trunfo é a idade. Sou novo, tenho só 21 anos (risos). Fora das raias de competição, somos amigos. Ele é uma grande pessoa, simpático, humilde, nunca me tratou mal.

A imprensa especializada lhe aponta como principal nome da canoagem brasileira. Como  vê essa responsabilidade?
Para falar a verdade, não sinto uma pressão, tampouco responsabilidade. Foco  no meu treinamento.

Você esbanja confiança. Baseado em seu discurso, podemos crer no ouro nos Jogos Olímpicos do próximo ano?
Uma coisa que posso falar é que não será nada fácil. Minha expectativa é grande, e lógico que vou buscar o ouro. Não é impossível. Pelo que fiz nos campeonatos e venho fazendo recentemente, já deu para ver que meu nível é alto. Eles (adversários) não podem dar mole, eu já saio forte (na largada). Se vacilarem, já era. Uma coisa posso lhe garantir: darei o meu melhor. O Jesús me cobra muito isso.

Já que você falou sobre o treinador espanhol Jesús Morlán, de que forma ele influenciou seus resultados?
Em tudo! (risos) Com ele, cada atleta tem metas de tempo e evolução a cumprir. Antes, treinávamos de um jeito que não dava muito resultado. Comparados com ele, os treinadores brasileiros são ‘meia-boca’. Quando ele chegou, ficamos em dúvida: será que vai funcionar? A prova está aí. Em 2013, já com ele me treinando, ganhei tudo que participei. A canoagem só ganhou com a chegada de Jesús.

Na sua opinião, o que falta para a canoagem ser um esporte mais difundido e praticado no Brasil?
Faltam mais formações de treinadores, dedicação dos atletas também. E apoio da Confederação Brasileira de Canoagem, que é horrível.

O que há de tão ruim na confederação?
É simples: sou mais respeitado lá fora do que pela própria confederação. Desde o início do ano, só recebi apoio do Ministério do Esporte e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), ainda não saiu nada pela confederação. Para essa viagem à Alemanha, só fui porque o Comitê Olímpico bancou. A confederação me disse que não tinha dinheiro não. Agora como pode se eles ganham repasse do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)? É chato, é triste, é lamentável. Mas minha vida é assim, de superação. Sempre foi.

Não são de agora suas dificuldades…
Não, cara. Que nada! (risos). Eu trabalhava às sextas e sábados na feira da cidade. Geralmente recebia R$ 1 ou R$ 2 por carreto. É uma história longa. Já sofri uma queimadura grave, só tenho um rim… (pausa, seguida de respiração profunda). Em meus primeiros anos na canoagem, minha mãe, Dilma, trabalhava como faxineira na rodoviária  de Ubaitaba, não media esforços para me ajudar. Tudo que faço, penso, dedico-me por ela. Não só por ela, mas para todos que me ajudaram desde o início no projeto social, o Jeferson (Lacerda, integrante da primeira delegação brasileira de canoagem a ir a uma Olimpíada), o Figueroa Conceição (responsável pelo projeto social)  e outros.

Você teve que deixar Ubaitaba para morar no centro de treinamento da seleção brasileira, em Lagoa Santa (a 36 km de Belo Horizonte). Como foi isso?
Foi muito estranho. Mas sou um cara que não sou tão apegado. Saí da Bahia para São Vicente, em São Paulo, em 2010. Depois fui para o Rio de Janeiro, voltei para São Paulo e agora, Lagoa Santa, em Minas. Foi ruim ter que deixar minha terra, família, amigos… Mas, pense pelo meu lado: aqui, eu tenho tudo, infra-estrutura, alimentação, moradia adequada. Acordo e durmo pensando em melhorar meus resultados. Então, tive que fazer uma escolha e, para mim, fiz a melhor.

Na última Olimpíada, você foi a Londres pelo Projeto Vivência Olímpica. Como foi ver de perto uma Olimpíada?
Não foi. Ter ido não serviu para nada.  Afinal, não assisti às provas de canoagem, mas às de triatlo. O intuito foi bom: levar 16 atletas para quebrar o gelo, ver de perto as competições… Mas, para mim, só valeu ir como torcedor mesmo.

Como ocorreu a perda de um dos seus rins? Isso lhe prejudica de alguma forma?
Eu sempre fui muito curioso, quando criança fiquei animado ao saber que uma cobra havia sido morta e pendurada em uma mangueira. Como nunca tinha visto o bicho, subi na árvore, mas me desequilibrei e caí em cima de uma pedra. Tive hemorragia interna e tive que tirar um rim. Hoje, só tenho um. Mas não é problema não. Sou um cara normal.  Só tenho cuidado em beber muita água para não prejudicar o outro rim.

Manuel Ramos (Nelo) em entrevista @nelokayaks #canoagem

Original em excelenciapt.com, Autor Miguel Rodrigues

Eu fui atleta. Nasci em Angola e vim para Portugal em finais de 1975. Mais tarde, em Vila do Conde, fui para uma escola de canoagem – na altura em que ninguém conhecia a canoagem – mas na verdade fiz um bocado de uma auto-aprendizagem. Como nem havia canoagem organizada cá em Portugal comecei a competir em Espanha em nelo9’76, até ser cá fundada a Federação Nacional de Canoagem e eu ser o primeiro campeão nacional (aí umas cinco vezes). Cheguei até a fazer um mundial e algumas provas internacionais de velocidade, que cá em Portugal não tínhamos.

A dada altura comecei a utilizar caiaques feitos por mim – comecei a trabalhar muito cedo: montei a empresa aí aos 17 ou 18 anos -, em poliéster e fibra de vidro. No início dos anos ’80 servi durante um tempo o crescimento da canoagem em Portugal já que pelo menos havia produção nacional a custos adequados ao bolso dos Portugueses.  A marca cresceu, mas como era uma modalidade curta na altura, sazonal e também porque o mercado nacional era um mercado exigente tentei fazer a minha aposta internacional. Passei por cima de Espanha para não estragar o mercado a um gestor com quem mantinha uma relação ou não baixar demasiado o preço, mas teria sido um mercado muito mais fácil já que a canoagem espanhola já tinha uma grande expressão, com provas com mais de cem anos, e havia proximidade.

A minha atitude foi aquela que acho se deve ter para se ser bom em tudo: dar passos grandes, necessariamente difíceis.  Fui para a Grã-Bretanha, onde comecei com um paleontólogo escocês que utilizava o caiaque para os seus trabalhos de investigação no Sena, Nilo, etc., e depois tentei conquistar o mercado de alta competição. Tive essa vontade: da mesma forma que competi, queria ser o melhor se estivesse nesta área. Para ser o melhor da minha zona não valeria a pena (risos). (…) Portugal é um país limitado, sem passado na canoagem, e era complicado para um gestor português impor-se num mercado em que outros países tinham expressão… mas foi essa dificuldade que me obrigou e à minha equipa a fazer um trabalho redobrado e de qualidade. Acabou por dar em chegarmos aos melhores do mundo. Foi difícil no início mas quando chegámos ao topo vínhamos com background, conhecimento, estrutura, know-how que os outros não tinham.

E como adquiriram esse conhecimento? Foi sempre por auto-aprendizagem?

Sim, sim. A grande vantagem da nossa marca é não andarmos atrás de ninguém. Naturalmente que no início tirámos ideias de outros, mas neste momento andamos à frente. Neste momento há 4, 5 fabricantes que fazem a diferença e depois há construtores que copiam os melhores barcos e os metem no mercado a um preço mais baixo.

Que foi o que vocês se recusaram a fazer.

Naturalmente que no início copiei.  Mesmo nos primeiros Jogos Olímpicos em que ganhámos medalhas, em Atlanta, os barcos não foram desenhados por mim. Eu tinha tentado uma primeira abordagem de dois modelos que correram no Campeonato do Mundo de Maratona de Juniores – e até ganharam medalhas – mas que nos foram desautorizados no Campeonato do Mundo de Seniores porque a federação internacional entendeu que a parte de cima do barco beneficiava do vento traseiro. Acabei por ter de ganhar um pouco de arcaboiço. A seguir, nos Jogos de Sidney, já são modelos desenhados por nós que acabam por obrigar a federação internacional a mudar as regras. Fizemos 5 medalhas com barcos legais que ofereciam bastantes benefícios e obrigam à alteração da regulamentação.

E nos Jogos seguintes tornam-se fornecedores oficiais.

Somos fornecedores oficiais 4 anos depois, em Atenas – foi uma guerra tremenda com os outros fornecedores e até com a federação (…). Antes já éramos líderes em velocidade e maratona, mas com o resultado de 2004 (fomos o fabricante que mais medalhas conseguiu nuns Jogos) e tornámo-nos nos mais importantes. Depois, em Pequim, voltamos a ser fornecedores oficiais e conquistamos um número absurdo de medalhas (20 em 86). Voltamos a sê-lo em Londres e até em slalom, algo em que ninguém acreditaria porque andávamos há pouco tempo nisso (…). E tem sido esse, mais ou menos, o nosso trajecto.

Quais são as características que tornam os vossos barcos tão apreciados?  

Neste momento ganhamos praticamente tudo em caiaque, e no resto andamos taco-a-taco com outro fornecedor. Houve até uma série de finais em Londres em que só competiram barcos nossos. (…) O que nos diferencia é o conhecimento, o know-how, o serviço… uma série de circunstâncias. Fomos os primeiros a produzir barcos para todas as categorias de atletas. A nossa primeira encomenda foi para a seleção japonesa porque ninguém produzia barcos para atletas de 50kg. Haviam barcos para homens com mais de 75kg e para mulheres com menos de 75kg. Agora fazemos barcos para atletas de 50kg a 110kg, obviamente adaptados às suas características. Também fazemos um trabalho único de telemetria e um ajuste dos barcos aos atletas, razão pela qual cá temos vários centros de treino. A ideia inicial nem era essa, mas as seleções acharam a qualidade dos nossos centros tão elevada que optaram por vir para cá treinar e não só fazer ajustes. Continuamos a acompanhar as equipas que treinam noutros centros, mas só aqui vendemos 22 000 noites, o que dá para adquirir conhecimento, para recolher imensos dados de telemetria em tempo real, para fazer ajustes, para ajudar os treinadores e os atletas… É um trabalho que desenvolvemos ao longo do ano nas fases de preparação e competições (…) e que funciona como uma bola de neve. Hoje temos informação de todos os atletas que por cá passaram nos últimos 10 anos – atletas de topo- e que nas diversas competições têm acompanhamento nosso (…). Garantimos que podem estar perfeitamente descansados porque não lhes vai faltar nada. Com tudo isto garantimos que a nossa diferença para os outros é muito grande.

Falemos da modalidade em Portugal. O nosso país tem uma grande disponibilidade de recursos naturais e a fama dos desportos náuticos está a aumentar, em parte devido ao vosso contributo. Nesse cenário, prevê uma ascensão ainda maior dos atletas portugueses nos quadros internacionais?

Sim, sem dúvida. Neste momento, é provável que o desporto que mais sucesso tem seja a canoagem: nos últimos Jogos Olímpicos ganhamos uma medalha, no Campeonato da Europa do último fim-de-semana estivemos em 9 finais e arrancámos duas medalhas (…). A maior comitiva portuguesa dos próximos Jogos será a da canoagem, com certeza absoluta.

Muito graças ao vosso contributo.

Uma coisa é certa: estamos na canoagem há muitos anos, a nível internacional. Sabemos muito bem a realidade da Austrália, Japão, Alemanha, etc. e sabemos qual é o denominador comum do sucesso, que passa por massificação e objectividade. Os dirigentes portugueses absorvem um pouco do nosso conhecimento – em vez de andarem a fazer experiências têm alguma “ajuda” nossa, naturalmente. E depois, claro, ter uma empresa de renome internacional ajuda os atletas a acreditar que é possível.

Para terminarmos: quais são os projectos futuros da Nelo?

O nosso grande objectivo, obviamente, é continuarmos os melhores. Temos o nosso main business, em que somos mesmo bons, e queremos manter-nos a um grande nível, sempre inovadores, de modo a que nenhuma marca se chegue a nós. Aqui temos sempre projectos, ainda agora concluímos um no Rio de Janeiro e temos outros, pensados e solidificados, que não nos interessa largar. Depois temos projcetos em outras áreas, muitos em lume brando por levarem tempo a cimentar e por podermos não ter ainda capacidade produtiva. Estamos envolvidos no softski, no slalom e noutros em que estamos a negociar. Além do empenho na massificação da canoagem, queremos adquirir outras marcas para acrescentar valor de mercado e podermos entrar como os melhores e não como um produto de segunda escolha. Queremos ser sempre os melhores. Estamos a criar estruturas compostas pelas pessoas ligadas ao desporto. Paralelamente à formação dos colaboradores podemos adquirir estruturas já existentes. Estamos a negociar. Projectos não nos faltam, mas só avançamos com garantias de que tudo vai funcionar.

fotos: DR

Pela Turquia sem esquecer Portugal #InêsEsteves #canoagem

Inês Catarina Pereira Esteves, na canoagem só Inês Esteves, nasceu em Vila Nova de Milfontes, há 24 anos e começou a praticar a modalidade tinha apenas 9. Mas no próximo sábado iniciará uma nova etapa na sua vida. Como cidadã da Turquia, estreia-se a competir pelo seu “novo” país, depois de ter abandonado a camisola da Selecção Nacional, desiludida com a falta de oportunidade.

“Tive pessoas que me incentivaram a continuar, pois a canoagem sempre foi a minha vida desde os 9 anos de idade. Claramente, não contaram comigo em Portugal e eu queria competir ao nível internacional”, frisou a jovem, que esta semana está em Istambul a ultimar o processo de naturalização – ainda não tem o passaporte, só o documento provisório – podendo já no fim de semana competir com as cores turcas numa prova de teste em França. A primeira grande competição pela Turquia será o Campeonato da Europa, no início do Maio, na Rep. Checa. Foi aliás neste evento, em 2014, que representou Portugal pela última vez.Inês Esteves

“O seleccionador não contou comigo, apesar de ter sido a 3ª a nível nacional. A Turquia deu-me a oportunidade que não tive no meu país.”

O sonho de Inês Esteves é um dia poder estar nuns Jogos Olímpicos, mas para o Rio’2016 a tarefa perspectiva-se difícil. “Temos tripulações novas, conhecemo-nos há pouco tempo. Temos que preparar em meses o que muitas selecções prepararam em anos. Mas lutaremos até ao fim”, confessou Inês Esteves, que compete nas embarcações de K2 500 e K4 500 metros.

APOIO DA FAMÍLIA FOI FUNDAMENTAL

A família foi a primeira a apoiar a decisão de Inês Esteves de passar a competir por outra nação. “Os meus pais e o meu irmão entendem perfeitamente a situação e foram os primeiros a fazer-me ver que não faltei ao respeito a Portugal. Tanto eles como eu respeitamos muito o nosso país. Outras pessoas é que não me respeitaram. A Turquia acolheu-me, deu-me valor e a oportunidade de fazer o que mais amo.”

FPC DIZ TER SEGUIDO O TOPO DA PIRÂMIDE

Quando, no início do ano, Inês Esteves tornou pública a decisão de trocar Portugal pela Turquia, alegando falta de oportunidade, a Federação (FPC) reagiu através do DTN Ricardo Machado. “Independentemente do nível competitivo e dos objectivos definidos, qualquer selecção baseia-se no topo da pirâmide. Não sendo possível a participação de todos, há a necessidade de escolher os melhores.”

Jornal Record – link apenas para assinantes

Ana Paula Marques

“Enquanto uns dormem, ele treina”. Gonçalo Álvaro #Sporting @Sporting_CP #canoagem

Jornal do Sporting – sem link (Fotografia Cláudia Matos – Taça de Portugal de Velocidade)

Gonçalo Álvaro é fisioterapeuta da equipa principal de futebol e canoísta do Clube de Alvalade. Nos estágios, as horas de sono dos atletas são aproveitadas para treinar.

No último fim-de-semana de Março, Gonçalo Álvaro alcançou o 11º lugar na Taça de Portugal de Regatas em Linha, realizada no Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho.

Nada de extraordinário até acrescentarmos que já leva 37 primaveras e inúmeros treinos de preparação realizados depois das 23 horas. Porquê? Porque os cuidados físicos da equipa principal de futebol do Sporting estão em primeiro lugar para o fisioterapeuta de profissão: “Tenho de conciliar. A minha actividade profissional está sempre em primeiro lugar e só tenho de agradecer ao departamento médico pelo apoio que me tem dado, permitindo-me fazer uma das coisas que mais gosto, que é remar”.

Mais uma razão para valorizar o feito. É que nem sempre há possibilidade de marcar presença nas competições. “Participei devido à paragem do Campeonato para os compromissos das selecções. Por exemplo, o Campeonato Nacional de Pista onde participo com o Emanuel [Silva] realiza-se em Junho, um mês em que o futebol está parado, permitindo-me desde logo preparar com antecedência a competição”, explica Gonçalo, na canoagem desde 1991. “Sou de Oeiras, cresci junto ao mar e ali os jovens praticam desportos náuticos. Tinha um amigo na minha turma que fazia canoagem e convidou-me. Hoje em dia temos barcos turísticos próprios para principiantes, na altura não havia nada disso, então assim que me sentei no caiaque tombei. Pensei logo ‘nunca mais vou sair daqui enquanto não conseguir andar mais’. Fui-me desenvolvendo até parei em 2004, quando entrei no Sporting”. Era um ano de transição, por isso Gonçalo não quis arriscar e preferiu focar-se apenas na fisioterapia. “Regressei na época de 2005/2006, a competir pelo CN Milfontes”, até que em 2012, quando o Sporting contratou o Emanuel Silva, disseram-lhe para estar à vontade em convidar outro atleta para fazer parelha com ele. “O Emanuel ligou a convidar-me dizendo que poderíamos fazer umas ‘gracinhas’ a nível nacional. Não estava a acreditar nesta oportunidade. Disse-lhe que primeiro isto tinha de ser falado com a Direcção do Sporting que aceitou a ideia”, explica o canoísta que já tinha uma ligação antiga com o atleta bracarense. “Sempre me dei bem com ele, as vezes até me ligava para lhe dar conselhos físicos antes de vir para Alvalade”, conta.

Quando não é possível participar lamenta, quando acontece o inverso prepara-se. Adoptando a conhecida frase, “quem corre por gosto não cansa”, Gonçalo Álvaro explica os contratempos que a profissão traz à preparação, nomeadamente os estágios da equipa de futebol. “Treino quando for preciso. Às dez da manhã ou às 11 da noite. Faço musculação, nado, remo, ando de bicicleta… O treinador José Sousa envia-me o micro-ciclo e ajusta-o ao tempo disponível. Por exemplo, quando vamos para as competições europeias, costumo correr ou ir ao ginásio quando os jogadores dormem a sesta ou após o recolher obrigatório, treinando até à meia-noite, aproximadamente. Treino, em média, nove a dez vezes por semana. É a única maneira de competir com atletas mais novos. Falta de tempo! Todos temos tempo, pode é não haver vontade. É preciso ter atitude e motivação o que, desde a vida do Emanuel, subiu. ‘Tenho mais responsabilidade agora’”, avança.

Mas do futebol não chegam só vicissitudes. Para além de dar a conhecer a modalidade aos futebolistas “leoninos” nos últimos 11 anos, eles próprios servem de motivação. “Nunca os convidei para remar. Mas não deixa de ser curioso o interesse deles nos meus resultados e se tenho treinado ou não. Quando não faço boas marcas gozam comigo, dizem-me ‘então, estás velho! Estás cansado! Rebenta com os miúdos, tu és uma máquina!’ É uma forma de me motivarem também,”, lembra em tom de brincadeira.

FUTUROS CANOÍSTAS EM CASA

Gonçalo Álvaro tem dois filhos, mas ainda são muito novos para seguir as passadas desportivas do pai. “Têm dois e seis anos de idade. O mais velho joga futebol nas escolinhas do Sporting. Adora futebol, é fanático. Para a canoagem são muito novos, ainda que o mais velho já tenha andado comigo no barco. Talvez com dez ou 11 anos o façam. Eu próprio comecei apenas com 14 anos. Tenho quase a certeza que vai acontecer, porque estão habituados a ver-me”, explica. Se o fizerem, já há dicas guardadas quanto aos melhores sítios para remar. “O sítio favorito, em termos de preparação, é Montemor-o-Velho, porque é lá que fazemos provas. Em termos estéticos, temos vários sítios lindíssimos. Costumo ir uma semana para Vila Nova de Milfontes, na altura das férias do futebol. Tem a barragem do Morgavel muito perto e o rio Mira também”.

Katalin Kovács: “ninguém, com uma arma apontada, me obriga a pagaiar” #canoagem “ICFsprint

Original Sport Geza. Traduzido para inglês Sportscene

A atleta de maior sucesso da Hungria deu à luz há 9 meses. Está a treinar em Abu Dhabi, acumulando quilómetros. Encontra-se a preparar o Campeonato do Mundo e a pensar nos Jogos do Rio.

“Apenas 3 dias após ter saído do hospital, perguntaram-me se queria fazer K2 com a Natasha. Só consegui dizer ‘não ponham a carroça à frente dos bois’. Não estou a ser demasiado cuidadosa mas a criação e a vida têm o seu ritmo. Neste desporto nada é natural e óbvio. Nada é oferecido e as cartas não estão lançadas antes de começar a época. Quando comecei a competir em individual lutei por isso todos os dias! Não era óbvio nem garantido que teria o meu lugar no K1 e a Kinga Bota e Szilvia Szabó ficavam com o K2… Cada treino era uma batalha, era extremamente competitivo.. Como deve ser.”

Ambas querem o K2 mas Kovacs ainda não vislumbrou a reorganização que ambas terão de dar às suas vidas para que seja possível. Neste momento, Janics está no México e Kovacs em Abu Dhabi e só se vão juntar no K2 em Abril.

“Sinto-me honrada por algumas pessoas pensarem que já estamos qualificadas para o Campeonato do Mundo. Temos de lutar por isso e estou a fazer todos os possíveis para o alcançar. Estou a pagaiar 30 km por dia ou a correr e levantar pesos.”

Katalin Kovacs I

Faz sempre aquilo em que acreditas e acredita naquilo que fazes 

Kovacs explica a sua filosofia antes dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Na altura ganhou nova medalha de ouro no K4 e, para além de outros 3 ouros, também tem 5 medalhas de prata em Jogos Olímpicos. Vive a vida de acordo com o seu lema. Na Hungria não há nenhum atleta no activo que tenha tido mais sucesso do que Kovacs. Tem uma carreira desportiva admirável com 31 títulos de Campeã do Mundo. Detém o recorde de toda a história do desporto da Hungria e continua a definir mais objectivos futuros. Apesar de estar ausente no último ano, não gosta da palavra “regresso” e explica porquê muito sucintamente…

“Para mim o termo ‘regresso’ significa que te retiraste. Eu nunca me retirei, nem sequer equacionei essa hipótese. Porque creio que com a ‘retirada’ haverá uma carga negativa. Botond Storcz ou Zsolt Gyulay regressaram porque se desviaram da modalidade mas depois mudaram de ideias. Não estaria a ser sincera se afirmasse que não tive Jogos Olímpicos em que não quisesse retirar-me no final mas de momento estou a adorar pagaiar.

Tive a melhor experiência da minha vida, fui abençoada com a gravidez e no Verão dei à luz uma adorável menina… E depois senti vontade de continuar a treinar. Por isso fiz uma pausa e agora estou de volta aos estágios”.

Mais forte a cada dia que passa

“Este estágio é diferente do último. Quando estivemos cá no Outono não foi só maravilhas. Depois do parto sentia-me muito cansada, os músculos não respondiam da mesma forma, todo o corpo reagia de forma diferente ao que eu estava habituada. Agora sinto que estou a recuperar a força, a forma e a técnica. É um pouco estranho estar a dizer isto ao fim de tantos anos, mas agora tenho a oportunidade de aperfeiçoar os detalhes até à perfeição. Sinto-me mais forte a cada dia que passa e era esse o plano inicial. Estava ansiosa para fazer um contra-relógio contra a Tamara Csipes. Sinto que tenho um espírito competitivo imbatível, no entanto, não tive um contra-relógio tão bom como estava à espera e isso mostra que há ainda muito trabalho para fazer.”

Katalin Kovacs, de 39 anos, sente-se todos os dias motivada e procura constantemente novos desafios. Há apenas uma boa resposta para esta pergunta e é que ela está muito apaixonada pela CANOAGEM, com letra grande. Fala apaixonadamente sobre isso e é sempre acompanhado por um grande sorriso na cara.

É frequente perguntarem-lhe sobre os sacrifícios necessários para esta paixão e sucesso.

“Sim, é verdade, mas ninguém está com uma arma apontada a mim a dizer que a canoagem é uma obrigação. Simplesmente: adoro isto. Mesmo nos dias em que detestei um treino intensivo, do princípio ao fim, tento fazer a soma disso ao resto para ter uma imagem positiva. Tenho a certeza que há pessoas em diferentes áreas da vida que adoram os seus trabalhos e procuram novos objectivos depois de um projecto de sucesso. Passa-se o mesmo connosco, nesse aspecto não somos muito diferentes. Treinamos porque é o nosso trabalho. Sabes, podem dizer ‘o que estás aqui a fazer com essa idade’ mas a canoagem é a minha vida!

Viu recentemente num jornal que os Campeonatos do Mundo se realizam em Milão logo a seguir ao dia Nacional da Hungria, no final de Agosto. Não está a fazer planos a longo prazo e ainda tem de participar em dois estágios, um em Szeged e outro em Szolnok.

Katalin Kovacs III

Mais um lema sobre motivação…

Kovacs está tão motivada como há 15-20 anos atrás. A sua mão disse-lhe uma vez, quando estava quase a terminar o liceu: o que for que venhas a fazer na tua vida, só vale a pena se te aplicares a 100%… E ela não faz por menos.

Se alguma vez tivesse desistido de algum treino durante a fase mais intensiva, ela só podia pensar que: se não vencer daqui a uns meses só me posso culpar a mim própria por não me ter aplicado totalmente nos treinos…

Exemplo prático: “Se no ginásio tivéssemos de cumprir 300 repetições e nas últimas 50 eu não conseguisse sequer levantar o peso, lembrava-me disso. Nem que o mundo viesse a baixo eu iria cumprir as repetições!”

Esse controlo e força que tem levaram-na a um ponto em que não existe sequer a hipótese de deixar de cumprir qualquer treino!

A pequenina…

Após o nascimento da Luca teve de se adaptar a uma nova rotina e mentalidade. Quando tinha um dia em que não conseguia cumprir a agenda, quase que enlouquecia. Nessas alturas o seu companheiro Adam dizia-lhe para não ser muito exigente consigo. Até achava suspeito o facto de o seu treinador (Ferenc Csipes) abdicar do final de um treino por já terem treinado com intensidade suficiente.

“Se calhar ele pensa que eu não consigo? Faz-me sentir limitada… Eu posso esforçar-me muito no treino mas ele não pode sentir pena de mim porque para a vitória podemos precisar daqueles 2000 metros e eu quero ganhar. O meu objectivo é melhorar a cada dia.”

Quando alguém lhe diz que se iniciou na canoagem, por causa dela, emociona-se e ela é um verdadeiro exemplo. Na verdade, neste momento esse número já deve ser bastante grande, desde que se estreou nos Jogos Olímpicos de 2000.

“É difícil encontrar as palavras quando isso acontece… Há dores que chegam até aos ossos, isso é exactamente o contrário. É absolutamente fantástico, maravilhoso e de uma euforia indescritível na alma.”

Quando disse que senti pena dela depois dos Jogos de 2008 ela respondeu-me com um sorriso. Foi multada pelo seu clube, o MTK, por ter preferido e apoiado Janics em vez de uma colega de equipa.

O tempo cura tudo. Já não penso nisso de forma negativa. Na altura foi uma experiência terrível mas há coisas muito mais importantes na vida. Tudo muda. Pensava que nunca mais voltaria a falar com a Kati Neni depois da separação e no entanto, uma manhã, voltamos a conversar.”

Estes Campeonatos do Mundo podem ser os primeiros em que a tua filha pode ver-te competir.

“Não gosto de pessimistas e que tenham pena de mim. Pensemos numa pessoa normal. Estou certa que também acontece às outras pessoas ter de deixar a suas famílias durante semanas para fazer o seu trabalho.

Sinto falta deles. Adoro estar no Skype com eles e não vejo a hora de abraçar a minha filha e contar-lhe histórias. Por outro lado tenho a minha vida na canoagem da qual não quero abdicar porque se o fizer sinto-me perdida. Só porque alguém estabelece objectivos altos não quer dizer que seja uma má mãe. Poder abraçá-la depois de alcançar o meu objectivo vai encher o meu coração com a maior das felicidades. Desejo essa experiência, quero sentir isso!”

Teresa Portela “Estou mais forte e mais completa” @SL_Benfica #canoagem @planetbenfica

Jornal O JOGO – Augusto Ferro – sem link

Foto Cláudia Matos

Teresa Portela confirmou na Taça de Portugal de Velocidade, ser o maior valor da canoagem feminina e reservou dois lugares para o Europeu. A Benfiquista cumpriu a primeira missão da época.

A canoísta minhota sabia que jogava o futuro imediato no passado fim de semana, em Montemor-o-Velho. “Era uma prova muito importante, porque era selectiva e, por isso, os resultados interessavam-me muito. Queria muito ganhar, porque agora vai permitir fazer os dois K1 no Europeu e preparar o resto da época. Mesmo sabendo que, por enquanto, ainda nada está definido para o Mundial quanto a embarcações”, comentou Teresa Portela, com evidente satisfação pelos últimos triunfos.

Neste ciclo olímpico, Teresa Portela apostou em “si”. Uma nova forma de encarar a carreira que interiorizou nos últimos Jogos: “O problema para o Rio’2016 passar por concluir que fazer três barcos me é prejudicial. Foi o que aconteceu em Londres, em 2012, e aí tirei essa conclusão. A decisão era abdicar de algum, pois é muita prova para mim.”

Após traçar o novo rumo, a benfiquista continua a ter duas distâncias olímpicas como trilhos para chegar à glória. Entre essas provas, por sinal, tem preferências: Gosto mais dos 500 metros, mas também me sinto bem nos 200. São dois K1 que me dão garantias, mas reconheço que sinto mais prazer nos 500.”

A época de 2015 tornou-se um novo capítulo, com outros protagonistas, guião e cenário para Portela. “Estes resultados surgem após ter começado, em outubro, a treinar com o espanhol Miguel Garcia, responsável pela selecção masculina do seu país de 200 metros. Juntei-me à equipa dele, e foi fácil a adaptação. O treino mudou e senti-me confortável.” Passar a ter o país vizinho como principal local de preparação tem vantagens: “Optei por Espanha, porque é mais perto de casa. Estive nas Astúrias, Sevilha e Maiorca, sempre durante duas a três semanas por mês. Continuamos a conhecer-nos, mas estou a adaptar-me bem.”

Os resultados começaram a chegar, mas não são eles ainda que certificam a qualidade do trabalho desenvolvido pela canoísta do Benfica. “Em competição, no campo físico há dúvidas sobre se estou melhor, apesar de saber que os treinos correram bem. Mas sinto-me com confiança e tranquila, sobretudo pelo acompanhamento que tenho recebido nos últimos meses.” Teresa é categórica: “Estou mais completa e mais forte, porque tenho condições para trabalhar como atleta individual”.

Bridgitte Hartley prepara qualificação Olímpica #Rio2016 #ICFsprint #canoagem @for_bridgitte

Original sportscene.tv

Para a canoísta-estrela, do Natal Canoe Club, só havia um objectivo em 2014: “Vencer uma medalha de bronze nos Campeonato do Mundo”, disse sem hesitação. Esse resultado confirmou que, a canoísta medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres’2012, continua entre a elite da canoagem mundial.

Foi um grande resultado depois das dificuldades que teve no ano anterior devido a ter contraído varicela. “Em 2013 a varicela atacou-me o corpo. A questão não era restabelecer e recuperar a força. Foi um recomeçar de início. De qualquer forma, em 2013, não tinha o objectivo que fazer uma época brilhante, por isso, foi um mal menor”, disse Hartley.

2014 foi um ano de grandes mudanças para Hartley, especialmente a nível do ginásio em que começou a trabalhar com o especialista em biocinética, Gareth Ford da EAP [EAP Active]

“No início foi muito difícil porque tive de confiar nele [Gareth Ford], enquanto tinha dúvidas e queria voltar a cumprir o meu programa de ginásio anterior e fiquei muito preocupada quando o novo programa de ginásio me deixou tão dorida que nem conseguia pagaiar”, disse Hartley.

“Foi um grande desafio e foi bom podermos conversar e explicar que há certas coisas que preciso de manter e não posso deixar de cumprir porque isso seria como ‘reinventar a roda’. Comparando com o treino anterior, nesta fase da época, já noto melhorias. Estou mais forte do que nunca e mais até do que antes dos Jogos [2012].

A medalha alcançada nos Mundiais de Moscovo não foi resultado apenas das melhorias físicas, Hartley explica que se deve também a melhoria psicológica. “Penso que os resultados de 2014 me deram a confiança de que as mudanças feitas no ginásio valeram a pena.”

“Sempre tive dúvidas se valeria a pena fazer alterações que não valessem a pena”, admitiu, “mas aprendi a compreender a forma de reagir do meu corpo, ao longo dos anos, e decidi que as alterações no ginásio para fortalecer todo o corpo, trabalhando todos os grupos musculares, em vez de apenas alguns, me iria ajudar e acho que ajudou.”

O início da época é para trabalhar a base, trabalhando volume, que depois permite a Hartley concentrar-se nas grandes provas que se disputam a meio do ano.

“O principal objectivo é o Campeonato do Mundo em Agosto”, disse. “As Taças do Mundo são para praticar e o que conseguir está bom. Claro que gostaria de ter bons resultados nas Taças do Mundo mas, para mim, isso não é o mais importante. Já houve épocas em que batalhei muito e estive doente e depois nos Mundiais consegui brilhar.”

Com sinceridade, acrescentou: “Ainda me falta a confiança mas os meus resultados mostram que consigo melhores performances nas grandes provas. As coisas correm-me bem quando é a sério, não sei como mas correm.”

A parte do ano mais importante é de Maio a Agosto, “porque eu não compito nos Campeonatos Europeus ou noutras selectivas onde tenho alguém a tentar vencer-me”, explicou Hartley. “Para mim, nessa altura, concentro-me em ficar em grande forma para os Mundiais e normalmente junto-me a grupos de treino internacionais para conseguir esse objectivo.”

Em simultâneo, isso faz-me treinar ainda mais entre Maio e Agosto porque não posso dizer que alcancei uma medalha em Maio e que sou boa. Significa que tenho mais alguns meses para melhorar e tornar-me melhor que as adversárias que alcançaram bons resultados nas Taças do Mundo.”

Reforçando as suas ambições, para este ano em vésperas de Jogos Olímpicos, Hartley conclui: O principal objectivo é terminar nas oito primeiras e ficarei satisfeita com isso. Obviamente se conseguir melhor ficarei muito contente com isso mas, por enquanto, há que treinar muito e reforçar as minhas qualidades e combater as minhas fraquezas e calmamente garantir que a cada ano me torno mais rápida.”

Krisztina Fazekas-Zur – Entrevista com a campeã olímpica e mãe

A campeã olímpica [K4 500m Londres’2012], Krisztina Fazekas-Zur, só teve uma semana para visitar a sua família na Hungria e no dia 30 de Dezembro foi para a Califórnia preparar a nova época.

“Não recomecei logo os treinos porque achei que devia passar mais tempo com o Noah. Depois do parto descansei 6 semanas e depois recomecei com exercício moderado. Fiz natação, Stand Up Paddel (SUP), alguns treinos em kayak e corrida. Depois disso competi em algumas provas de SUP na Europa. O meu marido teve de fazer uma viagem em trabalho e foi um bom pretexto para eu e o Noah irmos com ele. Os meus amigos e familiares pensaram que era uma maluquice fazer uma viagem pela Europa com um bebé tão pequeno mas divertimo-nos bastante.

Estivemos em vários eventos, começando pela Alemanha e indo até Gibraltar. Pelo meio participei em duas provas. Uma delas em St. Moritz em altitude, a 1800 metros e 5 minutos depois da largada mal conseguia respirar.”

O marido/treinador da Krisztina deu-lhe férias até ao dia 15 de Outubro, o que significa que só teve duas semanas para se preparar física e psicologicamente para a próxima época.

“Deixo a responsabilidade de coordenar o programa de treino para o Rami… Vamos ter alguns atletas de renome a estagiar aqui. A dupla da Eslováquia [Erik Vlcek / Juraj Tarr] que venceu o K2 500 e 1000 metros em Moscovo, a selecção da Alemanha e o canadiano Adam Van Koeverden. Espero poder treinar com eles e recuperar a forma.”

Achas que vai ser difícil manteres-te tão dominante e forte como a selecção de 2014 e acompanhar o ritmo das outras atletas de elite?

“Vai ser difícil. Especialmente devido à minha situação mas não tenho medo.

O único problema é encontrar uma parceira para o K2 porque a dupla Natasa Janics e Katalin Kovacs não se pode separar e a Anna Karasz e a Ninetta Vad também estão a funcionar muito bem. Da mesma forma, porque se deveria mudar a dupla Tamara Csipes / Gabriella Szabó depois de terem alcançado o ouro no Mundial [K2 500m]? Ainda assim, os critérios de selecção dizem que primeiro temos de dar provas no K1. Eu acredito que, se não for já no próximo ano, para os Jogos Olímpicos do Rio’2016 vou dar muita luta à Danuta Kozak.”

Os objectivos da Krisztina estão ao alcance, como demostram os resultados de algumas atletas de elite que têm regressado mais fortes, depois de terem sido mães.

“Eu não posso dizer que comigo vai ser igual mas uma coisa é certa; ser mãe ensinou-me muitas coisas. Nunca fui de ter muita paciência e irritava-me com facilidade. Desde que o Noah nasceu, sinto que me tornei mais calma e muito mais tolerante. Muitas das coisas que na minha vida eram stressantes, agora parecem irrelevantes. Talvez isso seja um ponto de viragem e que a partir de agora mude a minha atitude perante o treino.”   

É possível que na Primavera abra uma pequena Cresce no Centro de Treinos de Szolnok. Depois dos estágios em águas mais quentes, várias jovens mães, incluindo Katalin Kovacs e Natasa Douchev-Janics vão estar no próximo estágio.

“O Rami e eu ainda não falamos sobre a forma de gerir os dias durante o estágio mas é certo que estaremos lá os três. Passa-se o mesmo com a Kati ou a Natasa que vão lá estar com as famílias. Só temos de nos coordenar para os treinos de água… Talvez a gente arranje uma solução em conjunto com elas.”