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ALTO RENDIMENTO E INCLUSÃO ACADÉMICA E SOCIAL – Opinião de Mário Santos

Mario Santos

Jornal A BOLA – 14/02/2014 – Sem link

Os trágicos factos ocorridos na praia do Meco generalizam a discussão pública sobre as praxes académicas. Bom seria que outros aspectos académicos suscitassem atenção e interesse. Por exemplo, os atletas com estatuto de alto rendimento beneficiam de um regime especial no acesso ao ensino superior, contudo não lhes são proporcionadas as condições para uma real integração e conciliação entre carreira desportiva e escolar, acabando, geralmente, uma delas por ser marginalizada.

Temos jovens com talento. Contudo são necessários muitos anos – e condições – para levar um atleta à elite internacional. Assim, essa aposta (inerente às suas famílias) só poderá acontecer perante condições efectivas para a conciliação da sua vida desportiva com uma formação académica adequada. Um contexto que, á semelhança das boas práticas internacionais, passa pelo usufruto de residências universitárias com estreita ligação às várias áreas do conhecimento da Universidade, em parceria com as Federações.

Este tipo de cooperação permite aos atletas uma ligação fundamental à sociedade, bem como justificar socialmente o investimento público que muitos representam.

A inevitável incompatibilidade entre uma carreira desportiva e uma carreira académica e profissional de sucesso é um mito. Felizmente, temos bons exemplos.

Beatriz Gomes, que obteve dois diplomas Olímpicos em Londres 2012, é docente Universitária em Coimbra, mãe e está a fazer Doutoramento. A residência universitária da Federação de Canoagem em Montemor-o-Velho, onde atletas de elite como Teresa Portela, Helena Rodrigues ou Joana Vasconcelos conciliaram a sua vida desportiva de excelentes resultados Olímpicos com aproveitamento escolar, é um exemplo de sucesso, potenciado pela parceria com a FCDEF da UC(Universidade de Coimbra) no que toca ao controlo de treino.

Esta estratégia é pedra de toque no êxito de muitos países nos quais o período de estudos universitários é o momento de consolidação das carreiras desportivas, ao invés de significar um momento de afastamento.

Uma aposta séria em Portugal a este nível representaria um investimento reduzido considerando os montantes envolvidos no Financiamento Público ao Alto Rendimento ou na Preparação Olímpica que ascendem a uma dezena de milhões de euros anuais. Com os resultados que se conhecem.

A teoria é sustentada no êxito internacional de vários países. O que esperamos para fazer parte dos bons exemplos?

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012