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Muita garra e sem deslumbre #canoagem #velocidade

Foto FPC – grupo seniores e sub-23 (Sevilha)

Canoístas prometem continuar a lutar pelas medalhas. Primeiro estágio já decorre.

Emanuel Silva, João Ribeiro e Fernando Pimenta passaram por Montemor-o-Velho, a casa da canoagem em Portugal, antes de rumarem a Espanha, para o primeiro estágio da época – em Sevilha, até ao dia 31 – já na companhia do madeirense David Fernandes: “já lá estive em 2006. O local onde treinamos em Sevilha oferece muito boas condições. Além disso, estão atletas de outros países, poderemos aprender com eles. E a união do nosso grupo também se fortalece nestes estágios”, sublinha Emanuel, apontando a vantagem de mudar de ares.

“Estar sempre na nossa casa, em Montemor, também cansa. Quando vamos para outros locais, sentimos que temos de aproveitar ao máximo todas as condições que lá encontramos. Incentiva-nos, motiva-nos, dá-nos outro estímulo”, diz o canoísta, referindo a importância da preparação tendo em vista os Mundiais de agosto – além dos Europeus de maio (1 a 3, na Rep. Checa). “Nós temos talento, garra e ambição. Não nos deixámos deslumbrar com os resultados conquistados. Queremos mais e melhor, porque os portugueses merecem”, garante, com João Ribeiro a reforçar o espírito de união do quarteto que brilhou nos Mundiais de 2013 e nos Europeus do ano passado.

“O objectivo deste estágio também é reunir a equipa. Já estamos há muito tempo afastados, apesar de alguns treinos que temos feito no Gerês – mas sem David, que está na Madeira. Temos de começar a treinar em conjunto e, em Sevilha, há boas condições… E temperaturas mais amenas”, diz sorrindo, num dia frio e chuvoso em Montemor-o-Velho.

“Vivemos de medalhas” – Emanuel Silva #canoagem #ICFplanetcanoe

Foto LUSA – Brandenburgo, Alemanha 2013

Emanuel Silva conquistou medalhas em Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus nos últimos três anos, tendo como companheiros de tripulação: Fernando Pimenta, João Ribeiro ou David Fernandes. Todos se juntam, agora, num estágio em Sevilha, para começar a preparar o principal objectivo da época: o apuramento olímpico para o Rio-2016, garantido para as seis primeiras embarcações de cada final A dos Mundiais de Milão (itália), que se realizam entre 19 e 23 de Agosto.

Neste momento, estou a pensar no barco que me vai dar garantias de subir ao pódio. Como costumo dizer, vivo de medalhas, não de quartos, quintos ou sextos lugares. O que me dá visibilidade são as medalhas, reforça Emanuel, garantindo que não pensa impor a sua vontade em termos de escolha de embarcação com que Portugal competirá nos Jogos Olímpicos de 2016. E, para os Mundiais deste ano, a aposta é clara, “Temos de ter consciência de que a aposta na qualificação olímpica, que decorrerá no Mundial, será no K4, apura automaticamente quatro atletas e, depois nos Jogos, poderemos desdobrar, ou seja, fazer K2 e K1. Além disso, o K4 tem trazido os melhores resultados para Portugal”, lembra o canoísta do Sporting, referindo-se à prata conquistada pelo K4 1000 nos Mundiais do ano passado, a quinta medalha de Portugal na história da competição e a primeira numa distância olímpica.

Vice-campeão olímpico em 2012 – em K2 1000 com Fernando Pimenta – campeão mundial em 2013 – em K2 500 com João Ribeiro – e vice-campeão mundial em 2014 – em K4 1000 com Pimenta, João e David Fernandes – ano em que conquistou ainda o ouro em K2 500 (com João) e o bronze em K4 1000 nos Europeus, Emanuel mantém-se ambicioso. “Os resultados têm aparecido e, obviamente, este é um ano muito importante, com Mundiais, Europeus, Taças do Mundo, campeonatos internacionais… Sabendo que poderemos falhar em todas as provas menos nos Mundiais, aos quais temos de chegar na máxima força, fazer um bom trabalho e conseguir o apuramento olímpico para os Jogos Olímpicos de 2016”, explica o canoísta de 29 anos, acrescentando: “Não serei eu a dizer que quero esta tripulação ou aquele barco. Mas, se tiver opção, poderei dizer eu gostaria de, em vez de eu quero… Estarei em sintonia com a equipa técnica e a federação, porque nós vivemos dos melhores resultados. Só com eles, a canoagem conseguirá continuar a evoluir e ter apoio.”

EM BUSCA DA ESTREIA

João está em sintonia… e deseja estar no Rio de Janeiro. “Já tinha a expectativa de me estrear nos Jogos em 2012 e não consegui em 2011, falhámos a qualificação do K4”, lembra o canoísta do Benfica. “Vamos lutar por uma das vagas. O apuramento olímpico é o principal objectivo e a aposta é no K4, reforça João, 25 anos.

Campeão mundial com Emanuel em 2013, admite que gostaria de voltar às medalhas em Milão, em agosto, mas diz que isso não é o mais importante. “É óbvio que conquistar uma medalha nos Mundiais seria fantástico… Mas o apuramento é o mais importante.”

“Grandes Opções” – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 09/01/2015 – sem link

O Governo publicou as Grandes Opções do Plano para 2015, descriminando as políticas desportivas e suas principais apostas. Quem está atento à gestão da Preparação Olímpica Rio-2016, nota que, em termos práticos, o executivo introduziu os instrumentos de gestão e monitorização do projeto. Para os distraídos, recorda-se que estes instrumentos já estavam previstos no contrato-programa formalizado em fevereiro de 2014 e, em teoria, deveriam estar operacionalizados desde o início de 2013.

Introduzir estes instrumentos – necessidade há muito detetada – apenas no ano antes dos Jogos evidencia uma incompreensível e inadmissível inércia. Injustificável e lamentável, tendo presente que os meios disponibilizados para este projeto ascendem a 15 milhões e 700 mil euros.

Aliás, esta monitorização e avaliação têm um papel fundamental para assegurar o cumprimento do contrato. Sem esquecer que o anexo ao contrato-programa é claro: o COP – em articulação com as federações e com a concordância do IPDJ – deve estabelecer os objetivos desportivos para os Jogos Olímpicos do Rio-2016 que respeitem determinado referencial (probabilidade de confirmar o resultado de integração). Mas uma coisa é estabelecer objetivos desportivos (x medalhas, x finalistas, x semifinalistas), tendo presente um determinado referencial, outra é a operação aritmética de aplicar esse referencial ao número de atletas atualmente integrados, – um artifício a que temos, repetidamente, assistido. Quais são os objetivos estabelecidos? É só fazer as contas…

Mais: segundo dados comparativos de 2011 e 2015 publicados pelo COP, o número de atletas integrados no nível 2 (finalista) foi reduzido para quase metade (33 para 18). E apesar de termos mais atletas (7 para 9) integrados no nível 1 (medalhados), convém ter presente que seis deles são da canoagem. Poderemos estar perante um cenário que a todos deve preocupar.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012