Jornal A Bola, 09/01/2015 – sem link
O Governo publicou as Grandes Opções do Plano para 2015, descriminando as políticas desportivas e suas principais apostas. Quem está atento à gestão da Preparação Olímpica Rio-2016, nota que, em termos práticos, o executivo introduziu os instrumentos de gestão e monitorização do projeto. Para os distraídos, recorda-se que estes instrumentos já estavam previstos no contrato-programa formalizado em fevereiro de 2014 e, em teoria, deveriam estar operacionalizados desde o início de 2013.
Introduzir estes instrumentos – necessidade há muito detetada – apenas no ano antes dos Jogos evidencia uma incompreensível e inadmissível inércia. Injustificável e lamentável, tendo presente que os meios disponibilizados para este projeto ascendem a 15 milhões e 700 mil euros.
Aliás, esta monitorização e avaliação têm um papel fundamental para assegurar o cumprimento do contrato. Sem esquecer que o anexo ao contrato-programa é claro: o COP – em articulação com as federações e com a concordância do IPDJ – deve estabelecer os objetivos desportivos para os Jogos Olímpicos do Rio-2016 que respeitem determinado referencial (probabilidade de confirmar o resultado de integração). Mas uma coisa é estabelecer objetivos desportivos (x medalhas, x finalistas, x semifinalistas), tendo presente um determinado referencial, outra é a operação aritmética de aplicar esse referencial ao número de atletas atualmente integrados, – um artifício a que temos, repetidamente, assistido. Quais são os objetivos estabelecidos? É só fazer as contas…
Mais: segundo dados comparativos de 2011 e 2015 publicados pelo COP, o número de atletas integrados no nível 2 (finalista) foi reduzido para quase metade (33 para 18). E apesar de termos mais atletas (7 para 9) integrados no nível 1 (medalhados), convém ter presente que seis deles são da canoagem. Poderemos estar perante um cenário que a todos deve preocupar.
Mário Santos, Presidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012