Arquivo da categoria: Opinião

Dilemas – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 8/05/2015 – sem link (foto Dimas Antunes, Melres2015, largada K1 Inf.M)

No processo educativo dos nossos filhos é recorrente o dilema na conciliação entre o estudo e a prática desportiva. Este problema, tem como fator determinante um sistema educativo onde a prática desportiva não se encontra devidamente enquadrada, e uma carga letiva bastante intensa. Incompreensivelmente não tem havido espaço, ou vontade política, de enquadrar a prática desportiva, regular e competitiva, na escola.

Com todas as condicionantes de tempo e espaço originadas pela deslocação ao treino, perante a sua conciliação com as exigências curriculares, os pais deparam-se com uma verdadeira incompatibilidade entre a necessidade de preparação para os momentos de avaliação na escola, e a frequência aos treinos.

Naturalmente, a gestão diária deste problema levanta dificuldades e tem especificidades. Desde os jovens que hiperbolizam o papel do desporto em detrimento do seu percurso escolar, ou aqueles cujos pais utilizam a ausência aos treinos como castigo. Mas essa gestão delicada, passa por isso mesmo: disciplina, método e priorização que permita um processo formativo completo, que desde cedo os ensine a gerir o seu tempo, as suas prioridades. Felizmente, temos muitos exemplos de atletas que compatibilizaram a sua carreira desportiva, inclusivé de alto rendimento, com carreiras académicas brilhantes. Aquelas forçadas opções (desnecessárias se perspetivadas com uma abordagem política diferente),irão condicionar no futuro a forma dos jovens encararem o desporto: ou como algo essencial ou um extra… só possível caso haja tempo!
A prática diz-nos que o método, a disciplina, o respeito, a capacidade de lidar com a responsabilidade e pressão, são tão úteis para a realização pessoal como os conhecimentos adquiridos nas outras áreas da formação curricular.

Espero que a nova geração de pais, com hábitos de prática desportiva mais regulares, reconheça o papel fulcral do desporto na formação dos seus filhos.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Hora “H” – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 1/05/2015 – sem link

Começa hoje a época desportiva internacional da canoagem, na sua disciplina de velocidade, com o campeonato da Europa a disputar-se em Racice, na República Checa. Este é o ano decisivo, pois é no Campeonato do Mundo de agosto, em Milão, que se decidem a grande maioria das vagas para os Jogos Olímpicos Rio2016. Portugal tem vários canoístas com sucessivas provas de valia em importantes competições internacionais.

A canoagem tem um sistema de apuramento extremamente exigente e complexo. A título de exemplo, qualificam-se apenas 10 embarcações K4 (quatro atletas), tendo, no entanto, que estar representados quatro continentes: só até ao sétimo posto Mundial garante os Jogos. Nas demais embarcações, teoricamente, apenas os seis primeiros asseguram o êxito. Em Londres2012 foram vários os atletas, como Fernando Pimenta e Emanuel Silva, que, não tendo qualificado diretamente, alcançaram as medalhas. Haverá melhor sinal do elevado nível competitivo?

Em 2015, as equipas europeias têm no seu calendário diversos eventos a saber: Campeonato da Europa, três Taças do Mundo, os 1.ºs Jogos Europeus [Baku] e o Campeonato do Mundo [Milão]. Um calendário que obriga a um esforço de gestão, decisões técnicas e estratégias, daquela que será a participação determinante e a que todos apontam: o campeonato do Mundo e a qualificação olímpica.

O desafio desta época estende-se também à capacidade organizativa nacional. No CAR de Montemor-o-Velho vão realizar-se a Taça do Mundo, o Campeonato do Mundo de Masters e o Campeonato do Mundo de Juniores e sub 23. Estes eventos trarão a Portugal milhares de atletas de todo o planeta e permitirão aos nossos atletas competir em casa.

O facto de Portugal organizar estes eventos e lutar por medalhas são realidades que há poucos anos não passavam de um mero sonho. Com mais ação, paixão, responsabilidade, menos manobra de diversão, o desporto nacional podia, devia sonhar e alcançar bem mais!

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Canoagem, que futuro? Opinião [Madeira]

Site AgoraMadeira

Cabe a mim desta vez falar sobre canoagem. Como todas as modalidades da RAM, a canoagem atravessa dificuldades e tem o futuro muito incerto, fruto não só das dificuldades económicas actuais, mas também da ineficácia de uma política desportiva com mérito em alguns casos, mas desenquadrada da realidade em outros, como é o caso da canoagem. A forma vergonhosa como fomos tratados no processo de requalificação de São Lázaro também não ajudou em nada.

Na RAM, nos últimos cinco anos, houve um decréscimo para um terço do número de federados e de praticantes da modalidade. A canoagem nas escolas, na esmagadora maioria dos casos, é inexistente e o pouco que é feito é com pouca qualidade.

O Clube Naval do Funchal, embora continue com presenças assíduas em grandes eventos Nacionais e Internacionais e embora seja o clube com maior expressão Regional nos últimos anos, não ficou imune às dificuldades, pois, além da já expressa pouca adesão de novos praticantes, a canoagem adaptada teve de ser suspensa durante vários meses por falta de condições.

Para além disso, a participação Nacional, que é de extrema importância para o desenvolvimento dos praticantes, é reduzida e em consequência os resultados desportivos têm decrescido de uma forma preocupante. Resta-nos ainda alguma dinâmica na organização de eventos como o Madeira Ocean Race e nas excelentes participações internacionais de David Fernandes e Helena Rodrigues.

Está claro que para continuar a ter nas nossas fileiras canoístas deste calibre muito terá que ser feito não só pela tutela mas por todos aqueles ligados ao desporto, porque muitos falam em alta competição e alto rendimento mas poucos são aqueles que efectivamente sabem o que é, e o quão difícil é trabalhar ao mais alto nível nesta Região, talvez não o saibam por estarmos num Pais onde infelizmente a falta de cultura desportiva abunda.

O futuro só pode ser positivo se houver menos promessas e mais coragem pois sem investimento não há desenvolvimento. A canoagem tem características que permitem a auto-sustentação, mas para isso tem que haver investimento em recursos e infra-estruturas com planeamento e coordenação, de modo a que a canoagem bem como todas as atividades realizadas no mar estejam acessíveis ao maior número de pessoas contribuindo para uma melhor cultura desportiva e para um estilo de vida mais saudável.

Ultimamente tem-se falado muito nas potencialidades do mar que até parece que são recentes, mas não, sempre existiram. Como todos nós sabemos a canoagem em Portugal desenvolve-se a um ritmo alucinante e é já uma indústria de milhões sendo o País mais visitado por canoístas de todo o mundo principalmente canoístas de elite. Nós, por cá, parecemos não muito preocupados com isso visto que para além de promessas que já vêm de há muito tempo (se bem me lembro logo após os jogos Olímpicos de Atalanta de 1996 em que estiveram dois velejadores madeirenses) nada foi feito.

A RAM fez um grande investimento público para oferecer um parque desportivo de qualidade e que fosse de encontro as necessidades das populações mas isso foi só para alguns desportos pois no que diz respeito às actividades náuticas, estas foram esquecidas e tratadas como modalidades de segunda categoria.
A canoagem, além de ser um desporto dos mais completos do ponto de vista motor, é também um desporto muito versátil com diversas vertentes e classes que se pode ajustar às diferentes expectativas da cada praticante; pode ser um desporto individual, um desporto colectivo, praticado em piscina, em pistas, em ondas, em águas calmas e águas bravas, temos muito que explorar e alternativas não nos faltam, o que falta sim são oportunidades.

Para finalizar não posso deixar de referir que para os próximos cinco meses a canoagem do Clube Naval do Funchal tem desafios bem aliciantes, a começar neste mês de Maio no Europeu na República Checa e em Montemor-o-Velho com a primeira Taça do Mundo de Pista realizada em Portugal, passando em Junho pelos Jogos Europeus em Baku, e, por fim, no mês de Agosto as atenções vão todas para Itália onde, em Milão, o David Fernandes e a Helena Rodrigues terão a única oportunidade de obter mínimos olímpicos em K4. Para isso, basta que se classifiquem nos oito primeiros do mundo o que é um feito bem possível de atingir. Espero, sinceramente, que alcancem esse objectivo.

Humberto Fernandes / Coordenador de canoagem do Clube Naval do Funchal

Jogar em casa – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 3/04/2015 – sem link – (Foto dos 5000 metros no Campeonato da Europa de Velocidade 2013, no CAR de Montemor-o-Velho)

Recentemente, a Federação Internacional de Canoagem (ICF) atribuiu a Portugal a organização de mais uma Taça do Mundo, em 2017 em Montemor-o-Velho. Mais um resultado da estratégia da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) em trazer para o país importantes competições internacionais. Este ano, Portugal acolhe a Taça do Mundo e o Campeonato do Mundo de Juniores e sub 23.

Os eventos em território nacional podiam e deviam servir para permitir aos nossos atletas competir incentivados pelo ‘fator casa’, dar visibilidade às modalidades no seio do desporto luso e inspirar novos praticantes.

A título de exemplo, refira-se que nessa mesma reunião da ICF esteve em discussão a candidatura à realização do Campeonato do Mundo de velocidade de 2019, que servirá de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Os candidatos foram Duisburgo, na Alemanha e Szeged, na Hungria. Duas pistas emblemáticas na canoagem e que nos dias de competição transbordam de adeptos, chegando a ultrapassar os 50.000.

Outro exemplo vem de Inglaterra ao lançar a campanha “EveryRoadtoRio”, que pretende aumentar o número de atletas para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Nos próximos 18 meses e, na sequência de uma estratégia há muito delineada, vai organizar 30 grandes eventos desportivos, com 13 Campeonatos do Mundo e da Europa, nos quais se discutirão 95 lugares de qualificação olímpica. Além de um significativo retorno financeiro esperam que o apoio do público leve os seus atletas a superarem-se e a fazer melhores resultados, recriando o ambiente de Londres 2012.

Em Portugal estes eventos internacionais ocorrem em recintos maioritariamente vazios. Um país que não assiste os seus atletas a competir em casa, não é mais ou menos patriótico, apenas não valoriza e não aprecia o desporto. Isto apesar de muitos dos ausentes nesses eventos se indignarem publica e hipocritamente pela “falta de apoio às modalidades”.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Donos dos jogos – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 27/03/2015 – sem link

Foi com enorme surpresa que vi anunciado um novo evento multidesportivo à escala Europeia, o Campeonato Europeu de Desportos – European Sports Championships (ESC) -, que reúne os Campeonatos da Europa de diversas modalidades. Uma organização conjunta das cidades de Glasgow e Berlim, a decorrer em 2018.

As entidades continentais de atletismo, ciclismo, remo, natação e triatlo uniram-se para organizar o primeiro ESC. Pretendem um novo evento aproveitando os quadros competitivos já existentes nestas modalidades (Campeonatos da Europa) e que poderá reunir condições para se tornar uma referência Mundial, exponenciando a sua exposição mediática, as suas audiências de televisão e oportunidades de patrocínio para federações e atletas.

Esta iniciativa surge em aparente concorrência com os I Jogos Europeus (JE) que decorrem este ano em Baku, Azerbaijão. Apesar da natação e atletismo marcarem presença em Baku, não se fazem representar com os melhores atletas e disciplinas olímpicas de referência.

Não será também coincidência o facto deste evento reunir mais de 3.000 atletas e atrair uma audiência televisiva prevista de 850 milhões. Não esquecendo que o atletismo e natação são líderes de audiência nos eventos multidesportivos, principalmente nos Jogos Olímpicos, originando as suas maiores fontes de receita.

Um grande desafio que volta a colocar na mesa os direitos televisivos, o destino do retorno financeiro das organizações e a sempre alegada canibalização pelo movimento olímpico de parte significativa dessas receitas. Aliás, poderá esta acusação ter determinado a não participação de algumas modalidades de forma plena nos JE organizados sob a égide dos Comités Olímpicos Europeus.

Num momento em que todos lutam por recursos para o promoção e desenvolvimento do desporto, começam a chegar às restantes modalidades as questões que há muito se debatem no futebol: como aumentar o fluxo financeiro e como dividi-lo!

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Nova agenda [Olímpica] – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola 20/03/2014 – sem link

A corrida à organização dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024 está aberta. A Alemanha através da confederação olímpica alemã confirmou a escolha de Hamburgo em detrimento da capital Berlim.

A Agenda 2020 implementada pelo Comité Olímpico Internacional (COI) parece começar a surtir efeito, e esta escolha é um bom exemplo. A escolha terá tido como um dos fatores determinantes o apoio dos habitantes de Hamburgo. Uma sondagem apurou que em Berlim apenas 55% da população apoiava a candidatura da cidade e em Hamburgo 64%. Além deste fator, outro foi a possibilidade da candidatura prever a reutilização de muitos equipamentos já existentes. Contudo esta decisão vai ser sujeita a um referendo local para obter a aprovação dos seus habitantes.

Também a organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 implementou, recentemente, uma série de mudanças nos locais de competição com a reutilização de muitos equipamentos já existentes e que importaram uma redução de custos de 890.000.000 €. Originalmente 85 % das instalações foram projetadas num raio de oito quilômetros da Aldeia Olímpica.
As mudanças não ficarão por aqui e já se prevê que, dos 27 locais propostos inicialmente, apenas 17 se manterão e 10 serão alterados permitindo o reaproveitamento de instalações já existentes.

Relembro que às questões económicas se somam as questões ambientais, pois muitas destas novas construções tinham a oposição da população que questionava a sua sustentabilidade, o seu custo, o impacto ambiental que acarretavam.

Se muitos eram cépticos quanto aos efeitos da nova política subjacente à Agenda 2020, estamos perante sinais claros que a mesma começa a produzir efeitos. Como referiu o Presidente do COI Thomas Bach “era mudar ou ser mudado”.

O desporto nacional pode contribuir para mudar dando o exemplo com reformas que nos motivem a dar o nosso melhor, ter prazer ao tentá-lo, enfrentando o futuro com a ambição de sucesso, sob pena de sermos mudados por um grupo de funcionários estrangeiros.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Jogos Europeus – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 06/03/2015 – sem link

Faltam cerca de 100 dias para os Primeiros Jogos Europeus que vão decorrer em Baku, capital do Azerbeijão. Os Jogos Europeus são um evento multidesportivo para atletas de toda a Europa e serão realizados de quatro em quatro anos. Prevê-se a participação de 50 Comités Olímpicos Europeus, cerca de seis mil atletas e vinte modalidades, entre disciplinas olímpicas e não olímpicas.

Espera-se uma organização com equipamentos desportivos, alojamentos e serviços sumptuosos, em evidente contradição com a pretendida busca da sustentabilidade das organizações. Nalguns países em que o petróleo jorra na proporção inversa dos valores da democracia, os eventos desportivos de grande envergadura têm constituído uma forma simples de afirmação nacional, com a cumplicidade internacional.

A importância e o nível competitivo destes Jogos foi amplificada pelo facto de constituir evento para qualificação olímpica em doze modalidades.

Portugal tem já 75 atletas qualificados em nove modalidades, podendo qualificar cerca de 100 atletas em treze desportos.

Um momento para afirmar valores e causas do Olimpismo e uma oportunidade para as disciplinas que não pertencem ao programa olímpico e os seus atletas terem visibilidade.

O nível competitivo deste Jogos será elevado e a participação portuguesa alargada: esperemos que a atenção dos Media dada a estes Jogos não seja nula.

É uma oportunidade única para promover o desporto, com uma competição multidesportiva de grande nível, com uma produção televisiva de excelência em palcos de grande qualidade.

Será um bom teste competitivo para muitos dos nossos atletas e, simultaneamente, um grande desafio na gestão da preparação de muitos atletas que se encontram no processo de qualificação Olímpica. Pois se para alguns este evento pode garantir a qualificação, para outros pode colidir com a mesma.

Esperemos que não seja mais uma oportunidade perdida para dar a conhecer os nossos atletas de elite, as suas modalidades e o olimpismo.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

A #Canoagem como uma das prioridades nos centros de formação náutica.

Tendo como base o artigo publicado a 10 de Dezembro de 2014, com o título “O peso da formação escolar na cultura náutica”, as diretrizes do Programa do Desporto Escolar 2013-2017, e ainda os eixos de desenvolvimento da Estratégia para o Mar do estado português, lanço uma caracterização resumida da nossa península de Setúbal, simultaneamente com as potencialidades possíveis de desenvolver.Os dois centros de formação desportiva na Península de Setúbal, ao nível das atividades náuticas, estão no Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama e outro no Agrupamento de Escolas da Caparica, em Almada. A Vela, Prancha à Vela, Remo, Canoagem, Surf e Natação, são as várias atividades desenvolvidas no momento, contanto com centenas de alunos nas suas práticas, concentrando no seu espaço uma diversidade de material e instalações predisponíveis à prática destas modalidades, assim como recursos humano especializados nestas modalidades.A Federação Portuguesa de Canoagem em colaboração com a DGIDC, apostou no ano letivo 2009/2010, num Circuito Nacional de Desporto Escolar de Kayak Indoor, que culmina ou numa Final Nacional, reunindo os alunos com melhores prestações nos vários escalões/géneros (iniciados e juvenis), na implementação do Kayak Indoor em várias zonas do país.

Simultaneamente, várias delegações do Desporto Escolar, apostaram na prática da Canoagem no meio aquático, em piscinas, rios, albufeiras e no próprio mar, no sentido de apostar na implementação de uma “cultura” náutica nos nossos alunos, a fim de os despertar para a náutica de recreio e os desportos náuticos em termos generalizados, e neste caso, culimando com circuitos e competições nacionais finais, na Canoagem.

Não é certos os resultados obtidos com este propósito ao nível local, e ao nível do desenvolvimento da prática desportiva das várias modalidades náuticas, e neste caso com a Canoagem, mas, são vários os casos de sucesso existentes a nível nacional, quando são integrados num sistema de trabalho colaborativo e sinergia, entre as escolas, clubes de canoagem e autarquias, o desenvolvimento patente da modalidade e da região: Ponte de Lima, Prado, Alhandra, Amora, Mértola, Milfontes, entre outros.

Tendo como referência a influência das autarquias junto do sistema de ensino básico, ao nível das instalações e recursos, porque não influenciar também a formação das nossas crianças ao nível da motricidade e prática desportiva, enaltecendo a influência do meio ambiente, da fauna, flora e do meio aquático, através de uma modalidade de baixos recursos e espaço, como a Canoagem?

Fica ao critério dos nossos autarcas…

Ivo Quendera – licenciado em Desporto. Treinador da equipa Nacional de Paracanoagem

www.setubalnarede.pt

Jogos de praia – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 27/02/2015 – sem link

Por força das funções que exerço na federação internacional de canoagem, e sendo presidente do comité de kayak de mar tenho acompanhado com interesse a evolução de um novo evento multidesportivo: os jogos de praia. Este evento integra várias disciplinas como a canoagem de mar, futebol de praia, andebol de praia, motonáutica , remo de mar, rugby de praia , vela , pesca desportiva, subaquática , surf, ténis, triatlo , vólei ou esqui aquático / wakeboard .

Foi anunciada pela SportAccord e pela Associação de Comités Olímpicos Nacionais a organização dos Primeiros Jogos Mundiais de Praia em 2017. Esta organização prevê ser o terceiro maior evento desportivo mundial, só ultrapassado pelos Jogos Olímpicos e Mundial de Futebol. Com possibilidade de uma organização economicamente sustentável, atentos os custos reduzidos com as infra estruturas.

Estas modalidades, inequivocamente, atraem uma nova geração para quem estas disciplinas são uma forma diferente de praticar desporto. Com valências que se encaixam com as novas tendências e num enquadramento único. Uma grande oportunidade para estas disciplinas ganharem visibilidade, abrindo a competição a um leque de novos praticantes, e criando a oportunidade a muitos locais de se afirmarem através da descriminação positiva que o território lhes permite.

Portugal tem condições únicas para a prática destas disciplinas que podem alavancar mais um cluster da nossa economia atenta a oferta de praia, mar e hotéis em condições únicas na Europa. Evidentemente que, para tal, é preciso estar na vanguarda e equacionar o seu valor estratégico. Com a tão propalada política para o mar, explorar a costa, o turismo e a economia do desporto parece estarmos perante uma oportunidade. Novos atletas e competição em locais de excelência, nos quais água e luz são grátis.

Fica o desafio ao Comité Olímpico de Portugal para dinamizar estas disciplinas e este figurino competitivo em parceria com as federações, promovendo no terreno o desporto e os valores olímpicos.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

Voluntários – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola 13/02/2015, sem link [foto canoesprintportugal.com]

O desporto é uma das áreas da sociedade na qual o papel do voluntariado mais se evidencia, especialmente no dirigismo. Nas diversas federações, associações e clubes a maioria dos seus dirigentes, técnicos e restantes colaboradores são… voluntários. Uma prova de que é possível o envolvimento entusiasta e apaixonado da sociedade civil em projetos que contribuem para o desenvolvimento social, cultural e educativo da população em geral.

Boa parte destes agentes desportivos continuam voluntários apesar das instituições usufruírem de financiamento público, de lhes serem delegadas funções públicas desde a formação à gestão de património público: mesmo assim, não têm suporte ou apoio para essa responsabilidade, seja para a gestão diária, seja para a definição estratégica em suma para a sua formação.

A criação e disponibilização de um guião com as melhores práticas sobre as questões fundamentais com as quais se debatem diariamente, seria certamente um instrumento de grande utilidade. E eficiente para que todos esses voluntários pudessem, de forma sistemática, melhorar o seu desempenho. Esse aperfeiçoamento contribuiria para um melhor rendimento das suas instituições. Pensar que podemos dispensar todos estes voluntários, substitui-los por profissionais é irrealista e insustentável. Pensar que a sua formação se irá realizar de mote próprio, é utópico.

Temos, no entanto ter presente que há muito trabalho que inevitavelmente deverá ser desempenhado por profissionais especializados e não apenas com base em voluntarismo e boa vontade.

Há, uma realidade que não podemos escamotear: a de alguns voluntários que acabam por onerar em muito as suas instituições seja pelas enviesadas despesas, mordomias e ajudas de custo ou pelas sucessivas incompetências.

Os voluntários são fundamentais para o funcionamento das organizações desportivas, independentemente da dimensão das mesmas e uma forma de promover a sua sustentabilidade, mas boa vontade não chega.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012