Os K4 Portugueses e os 200m femininos – Crónicas de Milão #Planetcanoe #canoagem #Milão2015

Um dia muito esperado principalmente pela entrada em competição dos nossos k4 (masculino e feminino). Mas outras competições aconteceram e com resultados surpreendentes.

No entanto as primeiras conversas dirigem-se para o k2 500m feminino de ontem, e os resultados ainda possíveis. Na minha crónica de ontem fazia entender que o k2 Português da Joana/Beatriz já estariam eliminadas do apuramento olímpico. Como em Portugal nós somos adeptos das contas finais, ainda existem algumas combinações que possam levar a essa qualificação olímpica tão desejada. Fazemos força para que isso aconteça.

O dia de hoje de competições começa com as eliminatórias do k1 200m feminino, e com a presença da nossa Teresa Portela. Mais uma vez todas as favoritas a apurarem-se sem grandes dificuldades para a seguinte fase, que decorrerá amanhã. A Teresa entra na 4ª posição mas parece nitidamente dosear o seu esforço, talvez para recuperar ainda dos 500m do dia anterior.

Logo de seguida entram as C1 200m femininas. O facto de se tornar em 2020 (tudo indica que sim) disciplina olímpica da Canoagem causa uma surpresa geral com 5 eliminatórias. E surpreendem também com o nível apresentado e não somente pelo número de presenças. 48 segundos em 200m para as da frente

Apesar de ainda se terem realizado mais algumas competições, toda a nossa atenção está voltada para o k4 1000m. Ainda com algumas dores nas pernas dos muitos km em bicicleta do dia anterior, lá nos encontramos alguns Portugueses entre os que utilizam este meio para seguir as competições. 1ª eliminatória ganha pelos Checos, actuais campeões do Mundo. Nitidamente a controlarem os adversários e a conseguirem ganhar com margem suficiente para afirmarem que são novamente candidatos. 2ª eliminatória e partida canhão da equipa portuguesa. A todos nos pareceu que a equipa levava um ritmo alto de pagaiada. No entanto esse ritmo um pouco elevado permitiria a recuperação final da SVK [Eslováquia]e consequente vitória (por 0,06 segundos) e qualificação directa para a final. Portugal é assim relegado para a semi-final com o 2º melhor tempo das eliminatórias!!! O desporto nem sempre é justo… Respiramos fundo e voltamos para a largada para vermos a 3ª eliminatória, que viria a ser controlada pela Hungria. Fiquem tranquilos, pois por aqui já fomos conversando e vamos ganhar a semi-final…

Rapidamente passam para a distância dos 500m e entram novamente em acção os Portugueses em k4, mas desta vez as nossas meninas (Joana, Beatriz, Francisca e Helena). depois de uma largada rápida que é característica desta embarcação, o barco nacional perde alguma vitalidade e termina na 6ª posição na eliminatória mas a passar à seguinte fase. Surpreende-nos novamente a prestação da equipa da casa a Itália, que no k4 feminino não consegue passar das eliminatórias.

Continuamos a fazer mais uns km em bicicleta e vamos vendo algumas provas de 500m, onde os favoritos passam facilmente à seguinte fase. Entramos imediatamente nas conversas sobre o dia de amanhã que se revela bem importante para nós. Vamos ter as tão esperadas finais (C1 200m Masculino, k1 500m Feminino e k1 1000m masculino), além da semi-final do k4.

Vamos, Portugal!!!!!!!!!!!!!!

Ah, esquecia-me de dizer que a Claque das Quinas já vai sendo enorme. Assim de cabeça posso referir que a maior comitiva é a de Ponte de Lima

Filipe Pereira

Rumo ao Rio – opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 21/08/2015 – sem link

Nos próximos dias disputam-se três campeonatos do Mundo em modalidades nas quais Portugal tem legítimas expectativas de bons resultados tendo presente a participação nos Jogos Olímpicos do Rio 2016: atletismo, canoagem e judo.
Considerando vivermos num país com um dos menores rácios de prática desportiva, tendo em conta o número de atletas federados, termos aspirações a conquistar lugares de mérito em Mundiais em modalidades olímpicas – e a um ano dos Jogos Olímpicos – indicia que a nossa competitividade internacional é superior à nossa realidade desportiva.

Os resultados vão certamente ter eco na opinião pública. Com a habitual desenvoltura, muitos opinarão sobre os resultados sem sequer saber distinguir uma modalidade olímpica de não olímpica e a densidade competitiva que tal diferença pressupõe. Vão suceder-se os elogios e as criticas, quantas vezes sem saber se um segundo, um centímetro ou um ponto constituem uma diferença abissal ou apenas estão na margem de erro aceitável dentro da imprevisibilidade da competição.
Este desconhecimento no grande publico é aceitável e até comum na maioria de países e modalidades. O mesmo não se poderá aceitar àqueles a quem recai essa análise técnica, sejam eles comentadores, jornalistas ou responsáveis pela gestão da preparação. Há a responsabilidade de ter presente quais são as características técnica da modalidade, o quadro competitivo internacional e quais eram as metas específicas.
Sem entrar em qualquer processo de desculpabilização, sejam quais forem os resultados, convém não esquecer que estes, por si, só não fazem dos atletas melhores ou piores pessoas, distingue-os por serem mais rápidos ou melhores do que os seus adversários num determinado momento.
Sorte e força aos nossos atletas que se prepararam para lutar pelo seu melhor resultado rumo ao Rio 2016.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012