Jogar em casa – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola, 3/04/2015 – sem link – (Foto dos 5000 metros no Campeonato da Europa de Velocidade 2013, no CAR de Montemor-o-Velho)

Recentemente, a Federação Internacional de Canoagem (ICF) atribuiu a Portugal a organização de mais uma Taça do Mundo, em 2017 em Montemor-o-Velho. Mais um resultado da estratégia da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) em trazer para o país importantes competições internacionais. Este ano, Portugal acolhe a Taça do Mundo e o Campeonato do Mundo de Juniores e sub 23.

Os eventos em território nacional podiam e deviam servir para permitir aos nossos atletas competir incentivados pelo ‘fator casa’, dar visibilidade às modalidades no seio do desporto luso e inspirar novos praticantes.

A título de exemplo, refira-se que nessa mesma reunião da ICF esteve em discussão a candidatura à realização do Campeonato do Mundo de velocidade de 2019, que servirá de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Os candidatos foram Duisburgo, na Alemanha e Szeged, na Hungria. Duas pistas emblemáticas na canoagem e que nos dias de competição transbordam de adeptos, chegando a ultrapassar os 50.000.

Outro exemplo vem de Inglaterra ao lançar a campanha “EveryRoadtoRio”, que pretende aumentar o número de atletas para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Nos próximos 18 meses e, na sequência de uma estratégia há muito delineada, vai organizar 30 grandes eventos desportivos, com 13 Campeonatos do Mundo e da Europa, nos quais se discutirão 95 lugares de qualificação olímpica. Além de um significativo retorno financeiro esperam que o apoio do público leve os seus atletas a superarem-se e a fazer melhores resultados, recriando o ambiente de Londres 2012.

Em Portugal estes eventos internacionais ocorrem em recintos maioritariamente vazios. Um país que não assiste os seus atletas a competir em casa, não é mais ou menos patriótico, apenas não valoriza e não aprecia o desporto. Isto apesar de muitos dos ausentes nesses eventos se indignarem publica e hipocritamente pela “falta de apoio às modalidades”.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

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