PRIORIDADE À PRATA? – A opinião de Mário Santos

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Jornal A BOLA, 15/08/2014, sem link

A canoagem granjeou um capital mediático invulgar, reforçado com a brilhante medalha de prata do K4 1000 (regata rainha da canoagem) nos Mundiais de Moscovo. Uma tripulação sem estatuto prioritário na seleção, apesar dos seus repetidos resultados de excelência internacional.

Depois de “cair” o K2 1000 que deu a única medalha olímpica a Portugal, será que este K4, vice-campeão do Mundo e com ouro (2011), prata (2013) e bronze (2014) nos Europeus  será uma prioridade face ao valiosíssimo e aparentemente intocável projeto individual? É que o K1, vencendo a final… B (10.º), nem o apuramento olímpico garantiria.

Este K4 de eleição apenas falhou uma vez, rumo a Londres2012, em 2011, um só mês depois de ser campeão da Europa, com recorde do Mundo. Em regata “atípica”: foi o barco mais rápido em três dos quatro segmentos de 250 metros, mas também foi claramente o mais lento no restante, entre os 500 e os 750 metros. Inédito!

O objetivo das medalhas deve ser assumido, sem medo. Há metas contratualmente fixadas entre atletas, federações e a tutela, pelos quais o Estado aloca meios financeiros, técnicos e humanos, superiores a 50.000 euros ano/atleta, só concebíveis para resultados de excelência.

Para Londres2012, não foi consensual a inequívoca aposta federativa no K2 1000 em detrimento do K1 que alguns, com diminuta informação, defendiam. Privilegiamos o sucesso. A novela do K1, alavancada por estranha pressão mediática, teve ameaças de recurso a tribunais e culminou com a recusa em competir, sem, no entanto, abdicar do soldo. Esqueceram-se da posterior peregrina ideia de mudança de nacionalidade? A memória é um dos nossos mais preciosos bens. Preservem-na.

Analisando os resultados, e fazendo ouvidos moucos às desculpas do vento, ondas, sol, chuva, azar e aos dias “não”, que são para todos, qualquer cego vê qual deve ser a preferência rumo à excelência. Que umbigos de platina não se imponham ao valor da “prata”.

Mário Santos, Presidente FPC 2004-2013, Chefe de Missão Jogos Olímpicos Londres’2012

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