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Pagaiar dia a dia rumo ao Sonho Olímpico #ICFSprint #canoagem #PlanetCanoe #Espanha

RFEP PRESS

No CEAR La Cartuja, em Sevilha estão concentrados 29 dos melhores canoístas espanhóis , treinando arduamente em direção ao sonho olímpico. O grupo recebeu a imprensa para mostrar o seu dia-a-dia de treino, apesar da chuva torrencial que caiu em Sevilha. O grupo, que conta com os olímpicos Saul Craviotto e Paco Cubellos, em alusão ao seu slogan “Os 16 do Brasil 2016”, aproveitou para oferecer ao CEAR La Cartuja um décimo da lotaria de Natal com o número 16216 pela sua inestimável contribuição na preparação dos canoístas.

O dia começa cedo, pelas 07:00, com o grupo dos kayaks 1000 metros a chegar ao refeitório para o pequeno-almoço. Apesar de ensonados é possível ver a determinação no olhar. O treinador Luis Brasero quer maximizar a proximidade da água e no grupo do olímpico Paco Cubelos, todos sabem que cada dia de treino é essencial para atingir os seus objectivos desportivos.

Pouco tempo depois chega o resto do grupo: o duplo medalhado olímpico Saul Craviotto com os seus colegas do grupo dos kayaks 200 metros, a equipa feminina e o promissor grupo dos kayaks Sub-23. Um total de 29 canoístas de alto nível que aspiram arrecadar 8 das 12 medalhas olímpicas de velocidade do programa do Rio de Janeiro 2016.

Um objectivo pelo qual vale a pena molharem-se e a chuva torrencial, pouco comum em Sevilha, não altera o treino. Ouvimos dizer “de qualquer maneira vamos molhar-nos” acompanhado de risos e de seguida “Os 16 do Brasil 2016” começam um novo dia de treinos rumo aos seus objectivos.

Após terminar o primeiro treino de água do dia, que não será o último, ainda têm energia para atender às solicitações da imprensa. Saul Craviotto, antes de explicar os seus objectivos para a época de 2015, reconhece que as condições de hoje não são usuais porque, normalmente, Sevilha “tem umas excelentes condições para treinar no Inverno”. Cauteloso como sempre, um duplo medalhado olímpico assegura que “primeiro tenho de garantir o lugar na equipa de Espanha porque há muita gente com sede de vitória”. Depois adianta que o objectivo é “ir ao Campeonato do Mundo em Milão em Agosto e aí qualificar-me para os Jogos e evitar problemas. Já passei pela situação de estar a 2 meses dos Jogos sem estar qualificado e a verdade é que isso te afecta muito e eu gostaria de estar tranquilo neste ciclo Olímpico”.

Os mesmos objectivos, persegue Paco Cubelos, que treina com os canoístas que levaram o K4 1000 metros à vitória na Taça do Mundo de Velocidade em Milão 2014. Cubelos sente-se satisfeito por pertencer a um grupo de tão elevado nível, “julgo que não há nada sem medalhas internacionais, é o melhor grupo de 1000 metros que eu já vi e isso ajuda-nos a melhorar”. O trabalho diário permite-nos olhar para o futuro com confiança e assegura que “em Londres 2012 era o mais jovem, mas agora aspiro a mais do que a presença na final e conseguir um diploma olímpico, espero estar lá e lutar por uma medalha”.

O grupo de kayaks Mulheres considera precipitado falar de medalhas. A galega Ana Varela é a canoísta mais experiente do K4 500 metros que em 2014 terminou em posição de qualificação olímpica [8º lugar na final A no Mundial de Moscovo] mas apesar disso não podem acomodar-se porque “aqui estão, em teoria, as 10 melhores mas não pode haver tranquilidade porque sabemos que há muita gente fora com bom nível”.

K4 perde meio milhão de euros #ICFsprint #PlanetCanoe #canoagem

Em Sevilha: E-D: Rodrigo Germade, Iñigo Peña, òscar Carrera e Javier Hernanz – Foto Toni Rodriguez (Diario AS)

No meio da canoagem [de Espanha] é dos êxitos de David Cal e Saul Craviotto que se fala e confia-se muito no K4 que faz tempos de medalha olímpica. Um K4 que conquistou o ouro na Taça do Mundo em Maio e trouxe à memória um outro K4 histórico, o de Herminio Menendez, Misione Ramos, José Maria e Sosé Ramón Díaz Celorrio-Flor, prata nos Jogos de Montreal 1976 e campeão do mundo no ano anterior.

O asturiano Javier Hernanz (31 anos), os galegos Rodrigo Germade (24) e Óscar Carrera (23) e o basco Iñigo Peña (24) olham para o Rio’2016 no seu objectivo desde que se juntaram há 1 ano e meio com o objectivo claro de estar no mais alto lugar do pódio mas também digerem a falta de sorte. Um fenómeno anormal que no passado mês de agosto os deixou sem aproximadamente meio milhão de euros: a subvenção máxima da ADO a que teriam direito por conquistarem o título de Campeões do Mundo em Moscovo.

“Íamos em 2º lugar a 200 metros do final com a regata controlada para subirmos na recta final quando sentimos uma guinada e percebemos que não tínhamos leme”, recorda Hernanz.

Um veio de 6 milímetros que sustenta o leme e que se partiu. “Nunca tinha visto nada assim. Deve ter sido por defeito ou fadiga do material – A Federação solicitou uma pesquisa ao Centro de Experiências Hidrodinâmicas de El Pardo, que concluiu não ter havido sabotagem. Ficaram a 40 segundos do ouro e do reconhecimento que merecem, estes atletas que treinam 8 horas por dia, e isso é muito difícil”, recorda Luis Brasero, o treinador.

A desclassificação teve outra consequência, económica. “Perdemos meio milhão de euros, porque assegurávamos uma subvenção de 70.000 euros num ano e 60.000 euros no seguinte. Agora, com um pouco de sorte, vamos receber 700 euros por mês”, calcula Hernanz, a quem dói mais a consequência desportiva: “Há muitos anos que tento ser campeão mundial”.

Podem resolver isso em Agosto de 2015, no Mundial de Milão (os 7 primeiros apuram-se para os Jogos). Entretanto vão treinando entre Picadas (“no Inverno chega aos 8 graus abaixo de zero”, diz-nos Brasero) e no Guadalquivir em Sevilha. “Os meus parceiros de treino são muito forte fisicamente. Muito duros… e ainda por cima todos do Real Madrid”, relata o asturiano. “Neste momento estamos a melhor o descanso, a alimentação, perder gordura sem perder força…  Pequenos ajustes que nos fazem ser mais rápidos”. Um K4 que faz 6000km por ano de treino para que no Rio’2016 as últimas 350 pagaiadas sejam de ouro.