Voluntários – A opinião de Mário Santos

Jornal A Bola 13/02/2015, sem link [foto canoesprintportugal.com]

O desporto é uma das áreas da sociedade na qual o papel do voluntariado mais se evidencia, especialmente no dirigismo. Nas diversas federações, associações e clubes a maioria dos seus dirigentes, técnicos e restantes colaboradores são… voluntários. Uma prova de que é possível o envolvimento entusiasta e apaixonado da sociedade civil em projetos que contribuem para o desenvolvimento social, cultural e educativo da população em geral.

Boa parte destes agentes desportivos continuam voluntários apesar das instituições usufruírem de financiamento público, de lhes serem delegadas funções públicas desde a formação à gestão de património público: mesmo assim, não têm suporte ou apoio para essa responsabilidade, seja para a gestão diária, seja para a definição estratégica em suma para a sua formação.

A criação e disponibilização de um guião com as melhores práticas sobre as questões fundamentais com as quais se debatem diariamente, seria certamente um instrumento de grande utilidade. E eficiente para que todos esses voluntários pudessem, de forma sistemática, melhorar o seu desempenho. Esse aperfeiçoamento contribuiria para um melhor rendimento das suas instituições. Pensar que podemos dispensar todos estes voluntários, substitui-los por profissionais é irrealista e insustentável. Pensar que a sua formação se irá realizar de mote próprio, é utópico.

Temos, no entanto ter presente que há muito trabalho que inevitavelmente deverá ser desempenhado por profissionais especializados e não apenas com base em voluntarismo e boa vontade.

Há, uma realidade que não podemos escamotear: a de alguns voluntários que acabam por onerar em muito as suas instituições seja pelas enviesadas despesas, mordomias e ajudas de custo ou pelas sucessivas incompetências.

Os voluntários são fundamentais para o funcionamento das organizações desportivas, independentemente da dimensão das mesmas e uma forma de promover a sua sustentabilidade, mas boa vontade não chega.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012