Pedido de documentos à #ICF: Falha na Igualdade de Oportunidades, Universalidade e Boa Gestão #PlanetCanoe

Original WomenCan International

Na nossa publicação de 17/11 apresentámos dados que reflectem o domínio dos homens na Federação Internacional de Canoagem (ICF). Os dados mostram que quase todos os seus elementos são homens e que os Comités Executivos e os seus membros são todos homens. Mostram também que a Europa tem 87% das posições nos Comités Executivos e 52% das posições nas Comissões quando os europeus constituem apenas 25% entre todas as Federações Internacionais.

Ao questionarmos porque se mantém esta negligência grosseira na igualdade de género e universalidade, temos de ter estes dados em consideração. Apesar disso, ao longo dos anos, temos sido melhor representadas por vários homens em posições chave do que pela própria Comissão das Mulheres da ICF.

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DESLEIXO NA IGUALDADE DE GÉNERO E NA TRANSPARÊNCIA

A ICF organizou o seu Congresso anual em Varsóvia, Polónia mas pouca informação veio a público. Foram votadas alterações importantes e anunciadas alterações às regras para 2015 e aos programas dos Mundiais que afectam as Canoas Femininas. A única informação que veio a público foram os tweets da CanoeKayak Canada (CKC). Fizemos um pedido de esclarecimentos à ICF mas até agora não obtivemos resposta.unnamed

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PEDIDO

Solicitámos um comunicado de imprensa público, à ICF, com as seguintes informações:

  1. Lista de todas as moções (propostas) submetidas à ICF, por Federação Nacional e/ou trabalhadas pela ICF antes do Congresso de 2014. Cada moção deve incluir a justificação para a propostas de alteração. Esta lista deve incluir as moções aprovadas e as reprovadas e a justificação para a desaprovação;
  2. A lista de votos completa dos participantes no Congresso da ICF 2014 (nomes e Federação a que pertencem. Estiveram 248 participantes);
  3. Uma explicação sobre a forma de escolha e nomeação dos membros da ICF e de como as posições dos representantes dos Continentes são escolhidas e distribuídas;
  4. Informação detalhada sobre o Projecto de Boa Gestão da ICF;
  5. Um relatório ou resposta da Comissão de Mulheres da ICF com a sua posição/opinião sobre o actual estado das coisas (ex: falta de igualdade de oportunidades para as atletas femininas e para as mulheres no acesso a lugares de decisão e administração) e a sua estratégia para o desenvolvimento das mulheres no desporto, igualando o programa Olímpico e o aumento do número de mulheres nas posições de decisão;
  6. Reconsideração por parte da ICF sobre o programa das Canoas Mulheres para 2015.
    • A ICF deve incluir pelo menos 4 provas em todas as Competições Internacionais de 2015.
    • Para além do desnecessário adiamento do programa Olímpico para “talvez” 2020, manter adiada a implementação de um programa de provas igualitário em eventos Mundiais é uma violação dos direitos humanos à luz dos Princípios Olímpicos e da própria política da ICF para a Igualdade de Género. Esta repressão leva a que as Federações Nacionais também limitem ou impeçam o acesso e a igualdade de oportunidades das mulheres e raparigas.
    • De acordo com os dados da própria ICF há, aproximadamente, 50 países com mulheres e raparigas a competir e/ou a desenvolver a canoa velocidade ou slalom.
    • Nas competições mundiais de 2014 em velocidade e slalom, os níveis de participação chegaram aos 29 países de 5 continentes. No entanto, devido à falta de Estatuto Olímpico, muitas Federações Nacionais continuam a não levar a sério a igualdade de género, não desenvolvendo e não levando as Canoas Mulheres às grandes competições internacionais da ICF e muitas continuam a não organizar provas de nível nacional. Apenas a C1 200 metros não é suficiente para a comunidade de mulheres e raparigas que estão a competir/desenvolver as canoas e QUEREM competir em canoas.

CANOAS MULHERES 2015 E MAIS ALÉM

De acordo com os tweets da CKC durante o Congresso da ICF (7 de Novembro de 2014) o programa Mundial para 2015 será assim:

  1. Campeonato de Mundo de Velocidade de JUN/Sub-23
  • 2014: 2 provas: C1 200, C2 500
  • 2015: Programa aprovado: C1 200, Retirada a C2 500 e adicionado C1 500 e C2 200
  1. Campeonato do Mundo de Velocidade Absoluto – SEM ALTERAÇÕES
  • 2014: 2 provas C1 200, C2 500
  1. Campeonato do Mundo de Maratona Absoluto e de JUN/Sub-23
  • 2014: Sem provas de Canoas Mulheres
  • 2015: Adicionados C1 Mulheres Absolutos e JUN

PERGUNTAS

  1. Porque não há alterações ao programa dos Mundiais de Absolutos se, em simultâneo, há uma proposta de incluir as Canoas Mulheres nos Jogos Olímpicos de 2020?
  • As Mulheres esperavam e estão prontas para um mínimo de 5 provas para 2015 a todos os níveis: C1 200, C1 500, C2 200, C2 500 e C1 5000.
  • Se as mulheres podem fazer a Maratona porque não podem fazer a distância mais longa do Campeonato do Mundo de Velocidade?
  1. Porque foi retirada a C2 500 metros do programa dos JUN/Sub-23 se se mantém no programa Absoluto?

(E já agora, ICF: deixem de anunciar que as Canoas Mulheres “vão estar” nos Jogos Olímpicos de 2020. O COI é o único organismo com autoridade para anunciar isso e as decisões para 2020 vão ser feitas nos dias 8-9 de Dezembro de 2014. Os líderes da ICF começaram com estas afirmações em Maio de 2014 e deram indicações à comunicação social para fazerem o mesmo, causando litígios desnecessários na comunidade da canoagem.) unnamed (1)

CONTINUADA FALTA DE TRANSPARÊNCIA E CONFIANÇA

A transparência é um elemento chave na Boa Gestão, assim como a responsabilidade, profissionalismo e integridade – e tudo junto gera confiança. A falta de transparência da ICF e a informação que fizeram passar às pessoas que são mais afectadas pelas suas decisões – os atletas – e a sua contínua desinformação ao público e ao COI, deixaram os seus membros a fazer muitas perguntas sobre o futuro da canoagem no Programa Olímpico. Continua a causar desconfiança o compromisso assumido pela ICF para a Igualdade de Género e Universalidade, de acordo com a Carta Olímpica e com a Política de Igualdade da ICF e até mesmo o compromisso para com a Canoa Canadiana como disciplina com legado Olímpico.

O comportamento e decisões da ICF bem como das Federações Nacionais para com as comunidades locais/regionais de canoagem.

A ICF não definiu uma estratégia clara, compreensível e viável sobre o caminho a seguir pelas Mulheres na nossa modalidade e para a Canoa Canadiana.

CONCLUSÃO

Em conclusão, a ICF e as Federações Nacionais dizem estar preocupadas com os baixos níveis de participação na Canoa Canadiana, em geral, e com as Mulheres na Canoa em particular. Apesar de ser importante alterar o peso e o desenvolvimento de novas tecnologias, isso não é suficiente. Olhemos apenas para as próprias decisões da ICF sobre o contínuo adiamento de igualdade para as mulheres, nos seus programas (provas e distâncias de competição) e a sua decisão de nunca incluir a C4 nos Jogos Olímpicos desde 1936 a par do K4 que actualmente existe no programa para homens e mulheres. A prova de canoa de 4 pessoas a moverem de forma poderosa os braços, ancas e as pernas em uníssono é espectacular de ver.

Menos oportunidades aos atletas = menos incentivo para o investimento

A riqueza e a economia dos países, sofre, quando a metade da sua população, é limitado ou impedido a igualdade de acesso às oportunidades. No desporto é igual.