Jornal A BOLA – 14/11/2014 – Sem link
São recorrentes as polémicas relacionadas com as participações nacionais desportivas custeadas pelos atletas. Reclama-se que o Estado deveria assegurar tais participações.
Enquanto Presidente de uma Federação, com limitados recursos financeiros como a canoagem, vivi na primeira pessoa este problema. A canoagem é composta por diversas disciplinas, duas das quais Olímpicas e seis com calendário competitivo internacional, sendo de todo impossível participar em todos os eventos com a totalidade dos atletas nacionais com nível. Foi necessário proceder a uma seleção da seleção, estreitando a malha, e condicionando a participação unicamente dos atletas com possibilidade de atingir uma final (9 primeiros) nas disciplinas olímpicas e uma medalha nas não olímpicas. Coloca-se então a questão de expandir a possibilidade de competirem mais atletas, desde que garantido um mínimo de qualidade competitiva. Parece-me razoável que se o faça, não se coarta assim a possibilidade do atleta competir aos mais alto nível numa competição para a qual está preparado.
No entanto quem conhece com alguma profundidade o financiamento público às seleções nacionais, sabe que no passado nunca houve uma relação de causalidade entre o sucesso e o financiamento. Portugal compete no mundo e com todo o mundo que gradativamente investe mais no desporto de rendimento. Como consequência desse investimento temos cada vez mais Países com altos níveis performativos, esbatendo-se as diferenças. Se aspiramos ter competitividade externa, é necessário definir estratégias e uma utilização mais eficiente dos recursos disponíveis.
Esperemos que os critérios de financiamento e os planos federativos para o alto rendimento em 2015 sejam claros, assim como a avaliação dos anteriores programas de cada modalidade. Desta forma todos os atletas, treinadores, dirigentes e seguidores das mais diversas modalidades saberão (concordando ou não) a razão de uns terem que pagar e outros não.
Mário Santos, Presidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012