Krisztina Fazekas-Zur – Entrevista com a campeã olímpica e mãe

A campeã olímpica [K4 500m Londres’2012], Krisztina Fazekas-Zur, só teve uma semana para visitar a sua família na Hungria e no dia 30 de Dezembro foi para a Califórnia preparar a nova época.

“Não recomecei logo os treinos porque achei que devia passar mais tempo com o Noah. Depois do parto descansei 6 semanas e depois recomecei com exercício moderado. Fiz natação, Stand Up Paddel (SUP), alguns treinos em kayak e corrida. Depois disso competi em algumas provas de SUP na Europa. O meu marido teve de fazer uma viagem em trabalho e foi um bom pretexto para eu e o Noah irmos com ele. Os meus amigos e familiares pensaram que era uma maluquice fazer uma viagem pela Europa com um bebé tão pequeno mas divertimo-nos bastante.

Estivemos em vários eventos, começando pela Alemanha e indo até Gibraltar. Pelo meio participei em duas provas. Uma delas em St. Moritz em altitude, a 1800 metros e 5 minutos depois da largada mal conseguia respirar.”

O marido/treinador da Krisztina deu-lhe férias até ao dia 15 de Outubro, o que significa que só teve duas semanas para se preparar física e psicologicamente para a próxima época.

“Deixo a responsabilidade de coordenar o programa de treino para o Rami… Vamos ter alguns atletas de renome a estagiar aqui. A dupla da Eslováquia [Erik Vlcek / Juraj Tarr] que venceu o K2 500 e 1000 metros em Moscovo, a selecção da Alemanha e o canadiano Adam Van Koeverden. Espero poder treinar com eles e recuperar a forma.”

Achas que vai ser difícil manteres-te tão dominante e forte como a selecção de 2014 e acompanhar o ritmo das outras atletas de elite?

“Vai ser difícil. Especialmente devido à minha situação mas não tenho medo.

O único problema é encontrar uma parceira para o K2 porque a dupla Natasa Janics e Katalin Kovacs não se pode separar e a Anna Karasz e a Ninetta Vad também estão a funcionar muito bem. Da mesma forma, porque se deveria mudar a dupla Tamara Csipes / Gabriella Szabó depois de terem alcançado o ouro no Mundial [K2 500m]? Ainda assim, os critérios de selecção dizem que primeiro temos de dar provas no K1. Eu acredito que, se não for já no próximo ano, para os Jogos Olímpicos do Rio’2016 vou dar muita luta à Danuta Kozak.”

Os objectivos da Krisztina estão ao alcance, como demostram os resultados de algumas atletas de elite que têm regressado mais fortes, depois de terem sido mães.

“Eu não posso dizer que comigo vai ser igual mas uma coisa é certa; ser mãe ensinou-me muitas coisas. Nunca fui de ter muita paciência e irritava-me com facilidade. Desde que o Noah nasceu, sinto que me tornei mais calma e muito mais tolerante. Muitas das coisas que na minha vida eram stressantes, agora parecem irrelevantes. Talvez isso seja um ponto de viragem e que a partir de agora mude a minha atitude perante o treino.”   

É possível que na Primavera abra uma pequena Cresce no Centro de Treinos de Szolnok. Depois dos estágios em águas mais quentes, várias jovens mães, incluindo Katalin Kovacs e Natasa Douchev-Janics vão estar no próximo estágio.

“O Rami e eu ainda não falamos sobre a forma de gerir os dias durante o estágio mas é certo que estaremos lá os três. Passa-se o mesmo com a Kati ou a Natasa que vão lá estar com as famílias. Só temos de nos coordenar para os treinos de água… Talvez a gente arranje uma solução em conjunto com elas.”  

“Esperanças Futebolímpicas” – A opinião de Mário Santos

Jornal A BOLA, 17/10/2014 – sem link

Após uma série memorável e inédita com o pleno de 10 vitórias, a seleção de futebol sub-21 garantiu o apuramento para a fase final do Campeonato da Europa, no qual os semi-finalistas se apuram para os Jogos Olímpicos (JO) do Rio 2016.

É reconhecida a nossa dificuldade em qualificarmo-nos nas modalidades coletivas para as fases finais de Europeus, Mundiais e JO. O futebol tem sido, por vezes, honrosa exceção.

Apesar da descontrolada invasão de estrangeiros nos nossos campeonatos, Portugal tem conquistado múltiplos lugares de destaque no quadro competitivo internacional.

Infelizmente, os jovens, como é exemplo os vice-campeões do Mundo sub-20 em 2011, dificilmente encontram espaço no futebol nacional.

O selecionador Rui Jorge já anunciou o objetivo da qualificação olímpica, meta realista de uma equipa constituída por muitos jogadores que já disputam a categoria sénior, alguns no estrangeiro.

A última vez que o futebol luso esteve representado nos JO foi em Atenas 2004, através de uma seleção com os agora consagrados Cristiano Ronaldo, Bruno Alves, Danny e Raul Meireles. Uma participação marcada por uma atitude displicente e o escândalo de não ter passado da primeira fase. Uma “equipa”, com ares de vedetismo de estrelas precoces, perdeu, por exemplo, com o Iraque e deixou uma imagem que em nada contribuiu para valorizar o desporto e a participação olímpica. Curiosamente, em Atlanta1996 a equipa das “quinas” chegou ao quarto lugar tendo como jogador o atual selecionador Rui Jorge.

Recordo ver Ryan Giggs na aldeia Olímpica de Londres com a jovem equipa Britânica, o entusiasmo da formação americana de basquetebol e o seu empenho ou a forma emocionada como Rafael Nadal comunicou a sua impossibilidade de participar nos Jogos devido a lesão.

Desejo a qualificação da nossa seleção. Que o futebol tenha aprendido com os erros. E que valorize TODA a Missão Portuguesa, que merece visibilidade (também mediática) como um todo.

Mário Santos, Presidente FPC 2004-2013, Chefe de Missão Jogos Olímpicos Londres’2012