NOVAS TENDÊNCIAS – A opinião de Mário Santos

Jornal A BOLA, 19/09/2014 – sem link

As organizações desportivas procuram respostas às modernas tendências de uma sociedade em constante mutação, e na qual o desporto continua a assumir um papel destacado.

Vivemos uma nova forma de praticar desporto, com uma incontornável tónica no individualismo, uma maior importância da cultura da saúde e do corpo: isto determina uma mudança no tipo de modalidades mais procuradas, bem como a forma e o local da sua prática.

No que concerne aos Jogos Olímpicos (JO), tal preocupação versa igualmente sobre quais as modalidades – e, dentro destas, quais as disciplinas – que integrarão o programa olímpico.

Em dezembro, em sessão extraordinária do COI, e tendo presente a Agenda Olímpica 2020, o programa olímpico, no formato que o conhecemos atualmente, pode sofrer significativas alterações induzidas pelas tendências modernas do desporto e o papel social que este tem assumido nas últimas décadas. Pelo exposto, estão em discussão a integração de diferentes disciplinas e modalidades tendo em consideração estas new trends.

Os Jogos Olímpicos de Sochi 2014 foram um exemplo dessas tendências, com uma preponderância de novas disciplinas [12 – ver AQUI] que tiveram audiências muito superiores às disciplinas “clássicas”. Não só alavancaram as audiências, como arrastaram atrás de si legiões de novos praticantes e uma economia crescente do equipamento aos eventos.

Todos os intervenientes, da formação ao alto rendimento, devem ter presente esta nova realidade no momento de preparar, organizar e financiar o desporto, sob pena de estarem a afastar-se, cada vez mais, daquelas que são as modernas tendências de uma sociedade em constante evolução e que está mais disponível para praticar e valorizar o papel do desporto.

Menosprezar determinadas modalidades ou disciplinas capazes de cativar atletas e, inclusivamente, de trazer sustentabilidade à sua prática, é um erro no qual não devemos cair. Estarão os portugueses (dirigentes/atletas) preparados para esta anunciada revolução?

Mário Santos, Presidente FPC 2004-2013, Chefe de Missão Jogos Olímpicos Londres’2012