A Fundação do desporto – Opinião de Mário Santos

Mario Santos

Jornal A BOLA – 23/5/2014 – Sem link

A inevitável extinção de Institutos e Fundações, quantas de interesse e valor duvidoso, poupou a Fundação do Desporto. Justificou o Governo com o papel que esta iria ter na gestão central e financiamento dos Centros de Alto Rendimento (CAR) e na captação de fundos privados para o desporto (mecenato e os benefícios fiscais em geral aplicáveis ao desporto). Promoveria ainda a dinamização do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED).

Decorridos mais de dois anos, desconhecemos, de todo, qual a atividade concreta deste organismo. A título de exemplo, temos o Modelo de Gestão dos CAR: já devia funcionar em pleno, sob a égide da Fundação do Desporto, desde o final de 2012. Na verdade, apenas esta quarta feira foi celebrado o contrato programa entre a Fundação e o IPDJ para dar início á implementação de tal modelo.

Lamentavelmente, até hoje os únicos momentos em que ouvíramos falar da dita fundação deveram-se ao inapropriado e injustificável protagonismo dos seus presidentes. Apesar de se tratar de um cargo de nomeação política, assistimos, de forma preocupantemente descontraída, aos presidentes da Fundação do Desporto a assumir posições públicas de apoio a listas de organismos do desporto nacional. Será este o contributo para a dinamização da ética no Desporto?

O anterior presidente fez campanha por uma lista às eleições do Comité Olímpico de Portugal, cujos votantes, as federações, se iriam candidatar aos fundos públicos que a “sua” Fundação iria distribuir. Recentemente, mais do mesmo: o atual presidente assumiu o apoio a uma lista para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

É profundamente preocupante a forma permissiva como todos os agentes desportivos aceitam estes comportamentos. Sem sequer questionar a racionalidade e utilidade de tantas instituições a tutelar o desporto. Consomem parte significativa dos recursos sem lhes conhecermos mais-valias efetivas. Num barco que não quer afundar, é aconselhável parar de meter água.

Mário SantosPresidente FPC 2004-2013 e chefe de missão JO Londres’2012

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