DISPUTA PELO K1

Untitled-1

Jornal RECORD

A canoagem portuguesa voltou a navegar em águas tranquilas, após Fernando Pimenta ter sido chamado para o primeiro estágio do ano. O futuro passa agora por ver quem é o melhor canoístas em K1. A selectiva interna que o vai determinar está marcada para abril, sendo que Emanuel Silva e Fernando Pimenta, pela experiência e currículo partem como favoritos. Porém, João Ribeiro e David Fernandes, que com os outros dois ficaram muito perto de ir a Londres’2012 em K4, também espreitam uma oportunidade.
Só depois de apurado o “especialista” em K1 é que a equipa técnica da Federação (FPC) definirá as restantes embarcações, nomeadamente o K2, sendo praticamente certo que o K4 será recuperado.

A reintegração do canoísta de CN Ponte de Lima foi bem aceite. “O Fernando faz falta à equipa. Temos de dar-nos bem; as birras e faltas e entendimento não fazem falta, destacou Emanuel Silva, parceiro de Pimenta na prata em K2 1000 metros nos Jogos de 2012. “O estágio correu bem, o apuramento olímpico está aí, por isso temos de estar unidos, frisou por sua vez João Ribeiro, campeão do Mundo em 2013 com Emanuel no K2 500. ” Para a frente é que é caminho”, disse por último David Fernandes.

Advogado. Ainda que Pimenta tenha sido reintegrado na Seleção, desconhece-se qual o desfecho do inquérito instaurado pela FPC. O assunto, da parte do canoísta, está entregue à empresa ABBC, da qual faz parte o jurista José Manuel Meirim. O objectivo é que o Pimenta possa regressar ao Projecto Olímpico o mais depressa possível e, com isso, receber a bolsa mensal, no valor de 1375 euros, equivalente ao nível 1.

“O objectivo é ganhar o K1, mostrar que tenho nível nesta embarcação. Porém, o que quero mesmo é conquistar medalhas, seja em que barco for.” EMANUEL SILVA

“Continuarei a trabalhar para me apresentar o melhor possível. A prioridade é o K1, mas os treinadores é que saberão quais as melhores hipóteses.” FERNANDO PIMENTA

“Estou empenhado em ganhar o K1, mas pode até acontecer que não opte por esta embarcação. Penso que Portugal tem mais hipóteses de medalhas em K2 e K4.” JOÃO RIBEIRO

“Será difícil impor-me no K1, pois vou competir com medalhados olímpicos e mundiais, mas estou a trabalhar para lá chegar.” DAVID FERNANDES

SOMOS TÉCNICOS DE TODOS OS ATLETAS

Helio e Chalana

Jornal RECORD

Hélio Lucas, 40 anos, e José Sousa, 46, são agora os técnicos directamente responsáveis pela Selecção masculina. Antes eram conhecidos por serem os treinadores particulares, respectivamente, de Fernando Pimenta e de Emanuel Silva.

“Apesar de termos uma relação mais próxima com o Emanuel, no meu caso, e com o Pimenta, no caso de Lucas, somos agora treinadores de todos os atletas da Selecção. Fizemos até questão de falar com os outros canoístas para lhes transmitirmos isso mesmo”, frisou José Sousa que acompanha o medalhado olímpico desde 1997.
“O estágio correu muito bem; os atletas estavam todos motivados e nós queremos que assim continuem. Foi uma óptima semana de trabalho, em que se pôs uma pedra no passado”, destacou por sua vez Hélio Lucas que trabalha com Pimenta há pelo menos 12 anos.

Quanto aos critérios para 2014, as regras estão definidas. “Quem ganhar o K1 terá toda a liberdade para escolher o que quer fazer. Pode até acontecer que quem ganhe não opte por essa embarcação”, explicou José Sousa.
Os técnicos também dizem que agora é tempo para seguir em frente. “Aconteceram coisas que não foram boas para a canoagem. E o primeiro estágio serviu precisamente para fortalecer o espírito de grupo”, sublinhou José Sousa, para quem a entrada na FPC, assim como a de Hélio Lucas, só traz benefícios. “Somos os treinadores portugueses com melhor currículo. Juntou-se o útil ao agradável.”

“QUERO UM TÍTULO OLÍMPICO E IR A CINCO OU SEIS JOGOS” EMANUEL SILVA

Image

Foto Sporting

Josefa Idem que nasceu alemã e se naturalizou italiana e até ao verão passado foi ministra do Desporto do seu segundo país, esteve em oito edições dos Jogos Olímpicos, de 1984 a 2012. É um record praticamente impossível de igualar, dada a exigência da canoagem. A seguir só existem três atletas com seis presenças e 17 com cinco. Entrar nesta elite que conjuga competitividade e longevidade é uma das metas de Emanuel Silva, que foi sétimo em Atenas, ainda com idade de Júnior. Chegou às meias-finais em Pequim’08 e foi medalha de prata em Londres’12.

“Já tenho três Jogos Olímpicos e conto ir a mais dois ou mesmo três. No Rio’16 tenho 30 anos, em Tóquio irei nos 34 e recordo que, ainda nos Jogos de Londres, um atleta do K2 húngaro tinha 37 anos. Por isso, se as condições se mantiverem, vontade da minha parte não falta”, diz o canoísta do Sporting, que aos 28 anos adora treinar e diz ter muito para conquistar. “Quero dar continuidade ao bom trabalho. Se já me consideram o melhor atleta nacional da canoagem, irei trabalhar para o continuar a ser durante muitos e bons anos. Se o João, o Fernando e o David quiserem ser melhores, eu também o quero. É desta rivalidade entre nós que surge o alto nível competitivo. Se formos todos igualmente bons, então perfeito”, exclama.

Querendo trabalhar com uma fasquia alta, o canoísta bracarense tem o sonho de “ser campeão olímpico, além de também ser o canoísta português com mais presenças nos Jogos”. Para lá chegar, são se pensa em “escolhas de barcos”. “Fosse num barco-dragão ou a nado, quero é ser campeão olímpico e não temos tantos quanto isso.” E deixa a certeza “Se no Rio de Janeiro tivermos um barco no pódio, eu espero lá estar, seja K1, K2 ou K4. Uma medalha olímpica, só sendo entregue de quatro em quatro anos, é muito especial. É uma medalha pesada e sempre bem vinda, até porque estou numa modalidade que há alguns anos poucos conheciam.”