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Foto José d’Oliveira e Sousa
Seis meses após ter batido com a porta, insatisfeito com a falta de oportunidade para competir em K1, regressou à Selecção e ao convívio com Emanuel Silva, com quem ganhou a prata olímpica em K2. A seu lado tem o treinador Hélio Lucas e para chegar ao K1 é uma questão de pagaiar. Incólume não saiu a relação com Emanuel Silva.
– O Fernando Pimenta está de volta à selecção Nacional praticamente seis meses depois de ter saído em conflito. Parece bastante satisfeito por regressar e reencontrar os seus companheiros?!
– No primeiro dia foi quase como se fosse a primeira vez. Já não estava habituado a estar com os meus colegas. Desde Junho, mais ou menos, que não treinava com eles. Foi engraçado, é bom. Já tinha algumas saudades. Há sempre aquela picardia, mesmo nos treinos, que ajuda a melhorar, a mim e a eles.
– Foi bem recebido?
– Sim, acho que eles também sabem que sou uma mais-valia para a equipa, porque como eles gosto de trabalhar pelos melhores resultados.
– Não receia que as pessoas pensem que esteve a fazer uma birra ou que só olhou para o aspecto financeiro da questão?
– Não se passou comigo, o mesmo que aconteceu no triatlo, em que 14 atletas que se juntaram por uma posição?! Eu fui o único a demonstrar que as coisas não estavam bem – quer dizer, houve mais uma atleta a demonstrar descontentamento [Teresa Portela]. Pode haver pessoas a pensarem que fui egoísta. Nunca olhei para o lado financeiro porque senão já teria feitos outras apostas há muito tempo. Por exemplo, não participámos no Europeu de 2012 e provavelmente poderíamos ter conseguido uma medalha e financeiramente um prémio. Mas abdicámos para nos focarmos nos Jogos. Acho que é mais do que visível que nunca foi o lado financeiro que me moveu.
– Teve, de facto, propostas para mudar de nacionalidade, ou foi uma forma de pressão?
– Nunca tive nenhuma proposta, nem nunca disse que tinha uma proposta. Sempre disse que seria apenas uma opção em caso extremo. Na verdade, se calhar, até preferia abandonar a competição do que fazer isso.
– Passou-lhe isso pela cabeça?
– Sim. Pensei em abandonar a competição. Mas depois tive o apoio dos amigos, do meu treinador e de alguns colegas que disseram que as coisas se haveriam de resolver. Os meus patrocinadores também foram muito importantes, pois mantiveram a confiança.
– E agora que tem aqui o seu treinador na Selecção e pode competir em K1 se fo mais rápido, sente-se melhor na equipa?
– É diferente, trabalhar agora com estes dois técnicos [Hélio Lucas, o seu treinador, e José Sousa, treinador de Emanuel Silva]. É diferente para melhor. Nem consigo bem exprimir o que sinto. Sinto que o trabalho do meu treinador foi recompensado, mas o do José Sousa também.
– E acha que agora que viu as suas pretensões atendidas, a pressão será maior?
– Não sei. Mas trabalho de consciência tranquila. Faço sempre o meu melhor. Mantenho o meu trabalho e sou eu que imponho o nível de exigência juntamente com o meu treinador. Agora quero ir passo a passo, melhorando individualmente para ajudar também na parte colectiva, estar melhor e ajudar ainda mais.
– Como está a relação com Emanuel?
– Continuamos colegas, amigos… Acho que ele percebeu um pouco a minha posição. Já teve a hipótese de competir individualmente… Houve outros atletas na Selecção que confidenciaram que, provavelmente, fariam o mesmo, se tivessem uma oportunidade gostavam de competir individualmente.
– Nota alguma mágoa por parte do Emanuel quando se fala deste assunto? Acha que a vossa relação pessoal ficou beliscada?
– Se calhar ficou um bocado… Eu já lhe tida dito que poderia acontecer abdicar do Mundial e do Europeu. Não abdiquei do Europeu porque era em Portugal e senti-me na obrigação de estar presente e contribuir com o melhor resultado possível. Conquistei duas medalhas de prata. E depois as coisas aconteceram muito rápido. Se calhar houve uma pequena confusão e ele entendeu que eu não queria fazer K2 com ele e não é nada disso.
– E já lhe disse isso?
– Não… Não cheguei a dizer porque houve ali uma ruptura grande…
– Mas é difícil voltarmos a ver o K2 de Pimenta e Emanuel Silva?
– Não, acho que não. Vai depender muito das provas, dos resultados. Já se viu que o João [Ribeiro] e o Emanuel têm bons resultados, sem esquecer o David e os mais novos. Podemos fazer boas tripulações que seja em K1, K2 ou K4. O importante é fazer bons resultados para Portugal.
Entrevista Edite Dias – Jornal A BOLA